Justiça anula prisão de Roberto Dias decretada pela CPI

Durante o depoimento do ex-funcionário da Saúde, o presidente da Comissão, o senador Omar Aziz deu voz de prisão e apontou "mentiras" nas declarações do depoente

Roberto Ferreira Dias (Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado)
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A Justiça Federal anulou a prisão de Roberto Dias, ex-diretor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, que havia sido determinada pelo presidente da CPI da Covid, o senador Omar Aziz (PSD-AM).

Durante o depoimento de Roberto Dias à Comissão, Aziz deu voz de prisão e acusou o depoente de ter cometido o crime de "perjúrio" ao negar que tinha combinado encontro com Paulo Dominguetti, policial militar da ativa envolvido em negociação de vacinas.

Além de anular a prisão, o juiz Francisco Codevila, da 15ª Vara de Brasília, também determinou a restituição da fiança de R$ 1.100 para por Dia no mesmo dia em que foi preso para a sua liberação.

"Estou cansado de mentiras"

O presidente da CPI do Genocídio, senador Omar Aziz, (PSD-AM) deu voz de prisão ao ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias. A medida foi tomada após divulgação de novos áudios mostrando que Dias mentiu na comissão.

“Estou cansado de mentiras. Pedi à polícia do Senado para que o senhor seja preso. Ele está mentindo desde de manhã. Vai ser preso por perjúrio”, disse Aziz.

Alguns senadores pediram para o presidente da comissão mudar de ideia e promover uma acareação entre Dias e Elcio Franco, ex-diretor da Secretaria Executiva do ministério. Aziz respondeu: “Não vou colocar dois mentirosos frente a frente. Estamos aqui pelo Brasil, pelos mortos da Covid. Quem vier aqui e achar que pode brincar com a CPI vai ter o mesmo destino dele”.

A advogada do depoente tentou interceder: “Isso é uma ilegalidade sem tamanho”. Porém, a sessão foi encerrada por volta de 17h50 com a ordem prisão mantida. “Pode levar”, disse Aziz.

Contradições

Áudios e mensagens do celular de Luiz Paulo Dominghetti, em poder da CPI, levaram à decisão de Aziz e contradizem o depoimento de Dias.

No dia 23 de fevereiro, dois dias antes do suposto pedido de propina, Dominghetti enviou um áudio a um interlocutor, Rafael, às 16h22. “Rafael, tudo bem? A compra vai acontecer, tá? Estamos na fase burocrática. Em off, pra você saber, quem vai assinar é o Dias mesmo, tá? Caiu no colo do Dias… e a gente já se falou, né? E quinta-feira a gente tem uma reunião para finalizar com o Ministério”, disse Dominghetti.

Dois dais depois deste áudio, quando Dominghetti cita já ter uma reunião marcada para “finalizar com o ministério”, é justamente quando houve o jantar em um restaurante de Brasília, no qual Dias teria pedido propina.