Justiça solta hackers acusados de invadir celulares de Moro e da Lava Jato

Mais de um ano depois da prisão, juiz federal determinou que Walter Delgatti Neto e Thiago Eliezer usem tornozeleira eletrônica e fiquem impedidos de acessar a internet

Walter Delgatti (Vermelho), o "hacker" de Araraquara (Reprodução)Créditos: Reprodução/Twitter
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Decisão da Justiça Federal do Distrito Federal desta segunda-feira (28) determinou que sejam colocados em liberdade Walter Delgatti Neto e Thiago Eliezer, acusados de invadir celulares do ex-ministro da Justiça Sergio Moro e autoridades, a maioria ligada à Lava Jato. A dupla havia sido presa em julho do ano passado, na Operação Spoofing, da Polícia Federal. No caso, ficaram conhecidos como “hackers de Araraquara”.

E foi exatamente devido a esse prazo que o juiz Ricardo Leite, substituto da 10ª Vara Federal de Brasília, concedeu a decisão. Apontados como hackers, Santos e Delgatti Neto estavam desde então em prisão preventiva. Leite escreveu em sua decisão que manter os dois acusados detidos durante toda a instrução criminal acarretaria “inevitável excesso de prazo”.

A decisão do juiz federal manda que os dois usem tornozeleira eletrônica. Além disso, proíbe que mantenham contato com os demais réus ou testemunhas da ação e que entrem na internet, redes sociais e aplicativos de mensagens. A única exceção é para videoconferências com a Justiça. A Polícia Federal deverá fiscalizar o cumprimento dessas restrições.

Como cumpre pena em Brasília por outros crimes, cometidos no interior de São Paulo, Delgatti seguirá ainda preso. Seu advogado, Ariovaldo Moreira, disse ao jornal Folha de São Paulo que seu cliente já tem direito à progressão para o regime aberto ou ao livramento condicional, e que já acionou a Justiça de Brasília para que seja reconhecido o benefício.

Lembre o caso

A Operação Spoofing foi deflagrada em julho do ano passado pela Polícia Federal para desarticular o grupo que acessou contas do aplicativo de mensagem Telegram usadas por autoridades.

Outras pessoas tinham sido presas, mas já haviam sido liberadas pela Justiça. À Polícia Federal, Delgatti teria confirmado que passou os dados que obteve ao portal The Intercept Brasil. O portal fez uma série de reportagens mostrando mensagens trocadas entre integrantes da Lava Jato que desmoralizaram a operação. As matérias ficaram conhecidas como “Vaza Jato”.