Lewandowski manda Lava Jato liberar provas contra Lula em acordo com Odebrecht

Ministro já havia intimado operação a entregar documentos, mas 13ª Vara Federal mandou MPF “selecionar” quais seriam disponibilizados

Ricardo Lewandowski - Foto: STF
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O ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (16) que a 13ª Vara Federal de Curitiba disponibilize imediatamente à defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva provas e dados do acordo de leniência firmado entre a Odebrecht e o Ministério Público Federal.

A decisão amplia o acesso da defesa de Lula aos documentos, que já havia sido concedido em liminar concedida pelo próprio Lewandowski em setembro.

Apesar daquela decisão, a 13 ª Vara Federal, que conduz os processos da Lava Jato, pediu que os procuradores selecionassem quais documentos poderiam ser liberados. Devido a esse limite, a defesa de Lula fez nova reclamação ao STF.

Lewandowski escreveu, na sentença desta segunda-feira, que não seria “cabível” submeter as provas já usadas a “a uma espécie de escrutínio por parte do Ministério Público Federal”. O ministro concedeu apenas que sejam restritos documentos relacionados a terceiros ou a diligências ainda em andamento.

Com a decisão, a defesa de Lula passa a ter acesso a acordos de cooperação internacional firmados pela força-tarefa, que sejam conexos ao acordo de leniência e à denúncia contra Lula.

Acordo da Odebrecht

A ação penal em questão é a que envolve supostos atos de corrupção que a Lava Jato acusa Lula de ter cometido beneficiando a Odebrecht em oito contratos com a Petrobras. A operação alega que esse esquema teria envolvido o pagamento de R$ 75,4 milhões em propina ao PT e a entrega de dois imóveis, no valor de R$ 12,4 milhões, num artifício para “lavar” os recursos.

O acordo de leniência é uma espécie de “delação premiada” das empresas. No caso das “confissões” da Odebrecht,  elas detalhariam esse tal suposto esquema que envolveria Lula. Desde 2017, a defesa do ex-presidente tenta acesso aos documentos.

Entre os documentos, estão a troca de correspondência entre a força-tarefa da Lava-Jato e outros países, como Estados Unidos e Suíça; documentos e depoimentos relacionados aos sistemas da Odebrecht; perícias realizadas pela empresa, pela Polícia Federal, pelo Ministério Público Federal e por outros países; além de valores pagos pela Odebrecht em razão do acordo.

“Vaza Jato”

Mas a dificuldade da defesa de Lula a dados não se limita a essa ação. Em outro pedido que tramita no STF, os advogados do ex-presidente pediram acesso às mensagens apreendidas no âmbito da Operação Spoofing, que prendeu os supostos hackers que teriam invadido o celular de procuradores e do ex-ministro e ex-juiz federal Sergio Moro.

Esse pedido foi analisado pelo ministro Edson Facchin, que resolveu, na semana passada, enviá-lo ao plenário da corte.

Com informações do Estadão