Lula: "Eles não sabem que o Lula já renasceu em milhões de mulheres e homens"

Escrito en POLÍTICA el
Ex-presidente participou de ato pela soberania nacional no Rio de Janeiro e, em sua fala, além de criticar os planos do governo Temer de privatizar estatais, comentou as últimas pesquisas de opinião e assinalou: "Se preparem, porque vamos voltar a governar este país" Por Ingrid Gerolimich Nesta terça-feira (3), dia em que a lei que deu origem a Petrobras completa 64 anos, o ex-presidente Lula participou de um ato político no Rio de Janeiro pela soberania nacional, contra as privatizações e o desmonte das estatais. A atividade contou com a presença de milhares de representantes de centrais sindicais, federações, sindicatos e movimentos sociais, que caminharam por toda a avenida Rio Branco sob palavras de ordem como “O petróleo é nosso” e “Fora, Temer”. A concentração aconteceu em frente ao prédio da Eletrobras, na avenida Presidente Vargas, em função dos planos recentes do governo Temer em privatizar a empresa até o primeiro semestre de 2018. É importante lembrar que se trata da entrega ao capital privado de uma empresa que opera mais de 200 usinas de geração de energia, incluindo Furnas, duas termoelétricas e seis distribuidoras, responsáveis por mais de 60 mil quilômetros de linhas de transmissão, o que representa metade do total produzido no país. A Eletrobras é um patrimônio inalienável, que pertence ao povo brasileiro, e sua privatização representa um gravíssimo risco ao abastecimento de energia no Brasil. Recentemente, o governo anunciou um pacote de privatizações que conta com 57 bens estatais. Entre eles estão portos, rodovias, aeroportos e a Casa da Moeda. O objetivo dos organizadores do ato foi, então, o de conscientizar e mobilizar a sociedade brasileira a respeito do desmonte sistemático do patrimônio público e entrega das riquezas nacionais ao capital internacional promovidos pelo governo Temer e que transformam o país num balcão de negócios. Para o Presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Wagner Freitas, “caso nada seja feito, a população pagará os altos preços desta política entreguista, traduzidos em demissões em massa e aumentos das tarifas“. Vestido com um uniforme da Petrobras, o ex-presidente Lula criticou fortemente as medidas do governo. “Nós começamos a falar em soberania quando assumimos em 2002 e dissemos não a ALCA dos Estados Unidos e criamos a Unasul, a Celac… Falar de soberania é não dever nada ao FMI. É fazer a briga que fizemos para que o Brasil fizesse parte do Conselho de Segurança da ONU. É ter a coragem de fazer da Petrobras uma das maiores petrolíferas do mundo. Não é apenas um fura poço. É uma empresa de incentivo tecnológico e científico. Não é possível abdicar da indústria naval, da Eletrobras, do BNDES, da Casa da Moeda. Essa gente está vendendo tudo porque eles não têm competência”. E completou: “Os empresários de Nova Iorque estão descontentes com a reforma trabalhista. Eles ainda acham que ter uma hora de almoço é muito, ter férias é muito. O que eles querem é que esse país volte ao tempo da escravidão”. Durante o ato, ainda foram lançadas campanhas pela defesa de empresas públicas como a Caixa Econômica Federal (CEF) e a Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT), ambas também na mira de privatização de Temer. Além das críticas à política entreguista do atual governo, Lula falou sobre as recentes pesquisas que o colocam na liderança disparada das intenções de voto para a presidência em 2018. “O Lula não é o Lula. O Lula é uma ideia. O Lula é uma ideia assumida por milhões de pessoas. E eles não sabem que o Lula já renasceu em milhões de mulheres e homens”, afirmou. De acordo com o ex-presidente, ele está tranquilo quanto à perseguição jurídica que é alvo e, segundo ele, quem deve se preocupar são seus adversários. "Eu estou tranquilo. Quem deve estar preocupado são eles, porque eles falam mal de mim de manhã, na hora do almoço, à noite, de sábado, de domingo e de feriado. E quando eles fazem uma pesquisa, quem está na frente é o Lula”, pontuou, finalizando sua fala com um recado um tanto quanto direto: "Eu, companheiros, estou aqui na frente de vocês para dizer: se preparem. Se preparem porque o povo trabalhador vai voltar a governar este país". A atividade foi organizada pelo Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas, com a participação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), da Federação Única dos Petroleiros, da Frente Brasil Popular, do Movimento Sem Terra, do Movimento dos Atingidos por Barragens, entre outras entidades. Edição de Ivan Longo Foto: Ricardo Stuckert