Maioria dos brasileiros é contra facilitar posse de armas no país, diz Pesquisa Fórum

Bolsonaro tenta desfigurar Estatuto do Desarmamento para agradar seus apoiadores, mas apenas 36% do país é a favor de flexibilizar porte e posse

Gesto de armas nas mãos virou símbolo de Bolsonaro e seus apoiadores (Wilson Dias/Agência Brasil)
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Uma das principais bandeiras do presidente Jair Bolsonaro (sem partido-RJ), a flexibilização do porte de armas no Brasil é rejeitada pela maioria dos brasileiros, segundo a 6ª Pesquisa Fórum, realizada entre os dias 30 de setembro e 5 de outubro. 54,9% dos entrevistados disseram que são contra as pessoas terem mais armas, 36% afirmaram ser a favor e 9,1% não quiseram responder.

Entre os que defendem mais armas a maioria é homem. Entre eles, 49,9% são a favor e 43,1% contra. Já entre as mulheres, apenas 23,7% são favoráveis à medida e 65,4%, contrárias.

Os mais velhos também são os que mais defendem a liberação. Entre pessoas com 60 anos ou mais, 40,1% se posicionam a favor. Outro segmento que se destaca é os que recebem entre 5 e 10 salários mínimos, com 47,2% a favor.

Nas regiões, o Sul e Centro-Oeste são os mais favoráveis. No Sul são 44,9% a favor e 46% contra. No Centro-Oeste, 46,8% a favor e 39,7% contra. No Norte, 41,4% a favor e 46,5% contrários. Já no Nordeste, apenas 29,6% são favoráveis e 58,8% contrários. E no Sudeste, 33,7% defendem mais armas, enquanto 60,1% são contra.

Desde que assumiu a presidência, Jair Bolsonaro já editou mais de 20 atos, como portarias, decretos e instruções normativas, sobre armamentos no Brasil, facilitando a posse e o porte. Ele usou esses mecanismos já que o Estatuto do Desarmamento de 2003 estabelece que o acesso às armas deve ser restrito a casos específicos e que o poder público deve controlar o comércio de armas e munições.

Com as medidas de Bolsonaro para agradar seus apoiadores, dados da Polícia Federal mostram que o número de registros de novas armas explodiu no país. Houve um aumento de 205% no total de novos registros quando comparado o primeiro semestre de 2020 com o mesmo período do ano passado: foram 24.236 em 2019 ante 73.996 este ano.

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A Offerwise ouviu 1000 pessoas de todas as regiões do Brasil. A margem de erro é de 3,2 pontos porcentuais, para cima ou para baixo. O método utilizado é o de painel online e a coleta de informações respeita o percentual da população brasileira nas diferentes faixas e segmentos.

O consultor técnico da Pesquisa Fórum, Wilson Molinari, explica que os painelistas são pessoas recrutadas para responderem pesquisas de forma online. A empresa que realiza a pesquisa, a Offerwise, conta com aproximadamente 1.200.000 potenciais respondentes no Brasil. “A grande vantagem é que o respondente já foi recrutado e aceitou participar e ser remunerado pelas respostas nos estudos que tenha interesse e/ou perfil para participar.

No caso da Pesquisa Fórum, por ser de opinião, não existe perfil de consumidor restrito, como, por exemplo, ter conta em determinado banco, ou possuir o celular da marca X. O mais importante é manter a representatividade da população brasileira, tais como, gênero, idade, escolaridade, região, renda, etc.”

Molinari registra que pesquisas feitas em ruas ou nos domicílios costumam ter margem de erro menor. “Porém sabemos que 90% da população brasileira possui acesso à telefonia celular e, especificamente na situação de quarentena que estamos vivendo, o método online é mais seguro do que o pessoal e sempre é menos invasivo que o telefônico”, sustenta.