Manchetômetro disseca o viés jornalístico de O Globo

Análise mostra que as capas do jornal dos Marinho são consistentemente agendadas com notícias negativas relativas a Dilma, governo e PT, mas editoriais e artigos de opinião são ainda mais enviesados

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Análise mostra que as capas do jornal dos Marinho são consistentemente agendadas com notícias negativas relativas a Dilma, governo e PT, mas editoriais e artigos de opinião são ainda mais enviesados Por João Feres Jr., no Jornal GGN O Manchetômetro acaba de publicar o hotsite do jornal O Globo (http://www.manchetometro.com.br/cobertura-2015-o-globo/) com análises que inovam em relação àquelas feitas anteriormente pelo site. A principal delas é o cálculo do Índice de Viés, calculado da seguinte maneira:

I.V. = (favoráveis-contrárias)/neutras

O Índice captura não somente a diferença entre favoráveis e contrárias, mas pondera esse valor em relação ao número de neutras. O viés medido é em relação à situação e, portanto, aglutina as valências atribuídas às matérias sobre Dilma, Governo Federal e PT. Quando calculamos o Índice de Viés para as matérias das capas, editoriais e colunas de opinião, obtemos um resultado peculiar, como mostra o gráfico abaixo: Quem acompanha as análises do Manchetômetro sobre a cobertura de O Globo, não deve ter se surpreendido com as três curvas na parte negativa do gráfico. O que chama atenção é a diferença entre elas. A capas são consistentemente agendadas com notícias negativas relativas a Dilma, governo e PT, mas editoriais e artigos de opinião são ainda mais enviesados. É preciso atentar para as diferentes funções comunicativas, ou retóricas, de cada uma dessas seções. As capas são um sumário de tudo que vai no jornal, concentram as matérias e chamadas que os editores consideram mais importantes e, ao serem colocadas lá, têm seu poder comunicativo multiplicado. Na capa há uma combinação de chamadas para reportagens, que supostamente seriam mais descritivas, para artigos de opinião e mesmo para editoriais. Ou seja, seu conteúdo é de caráter misto. Os editoriais transmitem a posição do jornal, da editoria, do dono. Em O Globo eles são fortemente enviesados contra a situação. Na semana que começou em 29 de março o I.V. atingiu um pico de -10, o que é praticamente o dobro do pico atingido pelo I.V. das capas. Não é segredo, contudo, que o jornal faz oposição ao governo. O dado mais interessante é, sem sombra de dúvida, o I.V. dos artigos e colunas de opinião. Ele é quase sempre muito mais negativo do que o de capas e editoriais, atingindo no período o pico de -15 por duas vezes. Se o jornal fosse fiel a seu discurso de autojustificação e, de fato, praticasse a isenção e o equilíbrio na cobertura, ou seja, se ouvisse as várias partes, haveria matérias de opinião contrárias à situação, favoráveis e neutras. Mas o que temos é um viés fortíssimo em prol da oposição ao governo. No hotsite há também outras três páginas com análises dos seguintes tópicos: “Cobertura da Presidência”, “Cobertura dos Partidos Políticos” e “Cobertura da Economia”. Os gráficos nessas páginas representam as valências dos textos (favoráveis, contrárias e neutras). Foram introduzidos gráficos que cobrem todo o período de trabalho do Manchetômetro, de janeiro de 2014 até o presente. Assim, podemos notar de que maneira a cobertura do Globo variou ao longo do tempo e dos eventos que marcaram nossa história recente. Chama atenção o gráfico de contrárias da presidente Dilma nas capas de O Globo: a despeito do zigzag da curva notamos um crescimento consistente da cobertura negativa (http://www.manchetometro.com.br/cobertura-2015-o-globo/glb-15-cob-da-presidencia/). Salvo melhor juízo, a cobertura de O Globo parece servir bem às forças políticas que fazem oposição ao governo. Fotomontagem: Jornal GGN