Manuela D'Ávila: "A gente não sabe se vai ter 2022. Está em disputa"

Pré-candidata do PCdoB destaca que eleição deste ano é etapa fundamental e defende frente ampla: “eu acredito que as convenções partidárias terão a consciência que a nossa base já tem”

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A ex-deputada federal Manuela D'Ávila (PCdoB) afirmou nesta terça-feira (26) que a própria "existência de 2022 está em disputa" devido ao autoritarismo crescente no país, estimulado pelo presidente Jair Bolsonaro e integrantes de seu governo. Em entrevista a Ingrid Gerolimich no Fórum Debate, a pré-candidata à prefeitura de Porto Alegre (RS) destacou que as eleições municipais deste ano são uma etapa fundamental desta disputa.

“A gente não sabe se vai ter 2022. No mundo que eu vivo, no Brasil que eu vivo, que tem um ministro que fala em guerra civil, que tem uma polícia política sendo construída, que tem um gabinete do ódio distribuindo fake news, que constrói uma violência real nas ruas, a existência de 2022 está em disputa”, respondeu Manuela, sobre a construção de uma frente mais ampla para enfrentar Bolsonaro na eleição presidencial de 2022.

Candidata à vice-presidente da República na chapa de Fernando Haddad (PT), em 2018, ela considera que as eleições municipais são uma etapa fundamental desta disputa e na defesa da democracia brasileira. 

Manuela considera que é possível construir um arco de alianças mais amplo e superar as tão faladas divisões na esquerda.

"Eu acredito que as convenções partidárias terão a consciência que a nossa base já tem. Existe muito menos divisão na turma que acredita nos nossos sonhos do que, as vezes, na capacidade de diálogo dos dirigentes partidários", avaliou.

"Não tem espaço para divisão na vida real", destacou, ao resumir as experiências da militância que trava as lutas do cotidiano, de acordo com o que tem verificado ao longo dos anos.

Manuela, porém, destaca que a esquerda, muitas vezes, confunde o que é "frente pela democracia" com "frente eleitoral". "A frente ampla em defesa da democracia não é frente eleitoral. A nossa turma confunde um pouco isso. A aliança eleitoral é programática, tem que ver com o programa de governo, com a nossa visão do estado. A gente não vai juntar com quem não defende, por exemplo, o estado de bem estar social. Mas tem que ter aliança ampla em defesa das instituições e contra o fascismo."

Ela ainda criticou o que identifica como certo exagero em setores da esquerda. "Parece que a pessoa tem que preencher uma lista de requisitos antes (...) se faz um exame do passado dela. Não é assim. Se é para defender a democracia, a gente tem que dialogar", citando as críticas de setores da esquerda a Felipe Neto, entre outros casos. "Ele até reviu posições do passado, reconheceu que errou. E não importa. Ele tem uma posição agora, neste momento, que é correta (contra o Bolsonaro)."

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