Mercado prevê PIB abaixo de 1% e Guedes se desespera: "rolagem da desgraça"

Fiador neoliberal do governo Bolsonaro, Guedes se mostra perdido, critica revisão para baixo da previsão do PIB e culpa "barulho político" pela alta do dólar. "Todo dia chamam o presidente de genocida. Ele mandou prender alguém?"

Paulo Guedes (Foto: Edu Andrade/Ministério da Economia)
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Alçado como fiador neoliberal de um futuro governo Jair Bolsonaro (Sem partido) ainda nas eleições de 2018, Paulo Guedes mostrou certo desespero após o mercado sinalizar o derretimento da economia, com previsão que o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) não chegue nem mesmo a 1% neste ano - após queda de 4,1% em 2020.

Com inflação batendo 9,68% nos últimos doze meses - a mais alta desde 2016 - e a expectativa de elevação da taxa Selic a 8% até dezembro, o mercado derrubou a previsão de crescimento do PIB.

Nesta terça-feira (14), o Itaú Unibanco cortou a projeção para o ano de 1,5% para 0,5%, e a MB Associados, de 1,4% para 0,4%. No dia anterior, o J.P. Morgan havia reduzido a estimativa de 1,5% para 0,9%.

Guedes se irritou com as novas projeções, dizendo há uma “rolagem da desgraça” e que, no momento, o eixo dos analistas é "vamos derrubar a economia".

Em evento do BTG Pactual, banco do qual foi sócio, o ministro da Economia de Bolsonaro reclamou do "barulho político" que, segundo ele, segura o dólar nas alturas.

"Estamos indo para meio trilhão de dólares de corrente de comércio com o mundo, nunca aconteceu antes, US$ 100 bilhões na balança comercial, nunca aconteceu antes. […] Então, esse dólar já era para estar descendo mesmo, mas o barulho político não deixa descer”, disse, ressaltando que "o câmbio de equilíbrio devia ser hoje uns R$ 4,00, R$ 3,80 se estivesse tudo normal” - nesta terça, a moeda era negociada a R$ 5,25.

Excessos

Em mea culpa do próprio governo, Guedes afirmou ainda que "os atores cometeram excessos" e que "às vezes, o presidente sai do cercado", mas reclamou das reações de outros poderes e dos boatos - divulgados muitas vezes pelos próprios governistas.

“Os atores cometem excessos, às vezes o presidente sai do cercado, às vezes um ministro do STF prende pessoas, toda hora tem um que pula fora da cerca, dá um passeio no lado selvagem. O que acontece? As instituições se aperfeiçoam e convidam o cidadão a voltar para o cercadinho. São robustas as instituições”, afirmou.

Guedes negou a possibilidade de golpe e criticou a antecipaçao da disputa eleitoral. "Pelo amor de Deus, faltam dez meses para uma eleição".

"Todo dia chamam o presidente de genocida. Ele mandou prender alguém? Não mandou prender ninguém mas tem gente prendendo aí. A gente tem que ter uma certa moderação", disse ainda.