Milicianos mantêm como refém a todo um povoado de 7 mil pessoas na Colômbia

Segundo informe do prefeito do município de Bojayá, “as pessoas têm medo de tentar fugir da zona, estão sequestrados e não há alimentação”

Foto: Diário El Colombiano
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A cidade de Bojayá, no noroeste da Colômbia, enfrenta uma situação que o seu prefeito Edilfredo Machado classificou como “sequestro da população civil”. O povoado de 7 mil pessoas, localizado no departamento de Chocó, estaria cercado por tropas do grupo miliciano armado conhecido como Clã do Golfo, desde a tarde desta quinta-feira (2). Machado afirma que “a comunidade tem medo de tentar fugir da zona e ser atacada por alguns soldados que estão guardando o perímetro do povoado”. Ele reclama também que a presença dos guerrilheiros há mais de 24 horas já ameaça afetar o abastecimento da cidade : “Não há alimentação para todos para os próximos dias, caso esta situação se mantenha”. Além de Bojayá, outros povoados da região estariam sendo ameaçados pelo Clã do Golfo, segundo relatado por Machado – as demais cidades atacadas seriam Pogue, Loma e Piedra Candela, além e algumas comunidades indígenas. Diferente do retratado por grande parte da mídia, a guerra civil no interior da Colômbia não é feita só por guerrilhas de esquerda, como as FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e o ELN (Exército de Liberação Nacional), mas também conta com milícias, algumas delas abertamente de direita – e, dessas, algumas vinculadas ao caudilho da ultradireita Álvaro Uribe –, outras não tão ideologizadas, que funcionam mais como grupos mercenários. No caso, o Clã do Golfo é um grupo outrora conhecido como AGC (Autodefesas Gaitanistas da Colômbia), tem seu nome inspirado no histórico líder do Partido Liberal, Jorge Eliécer Gaitán, razão pela qual há quem os vincule a esse partido de centro-direita. Não há indícios, no entanto, de que essa associação esteja vigente nos tempos atuais. Machado admitiu que o Exército colombiano já está presente na zona, com cerca de 200 soldados presentes na localidade de Pogue, mas considera que isso não resolve o problema da região. "Os milicianos devem ter pelo menos 100 homens a mais que os enviados pelo Exército, uma vantagem numérica importante", comentou o prefeito, em entrevista para meios locais.