Moro e Dallagnol acordaram vazamento de áudios de Lula e Dilma

Sérgio Moro e Deltan Dallagnol acertaram vazamento de áudios entre Dilma e Lula no dia em que o ex-presidente seria nomeado para o Ministério da Casa Civil; revelação está na série de reportagens com material inédito de conversas e articulações entre Moro e procuradores da Lava Jato

Lula e Dilma (Foto: Ricardo Stuckert/ Instituto Lula)
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O ex-juiz federal Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol se consultaram sobre a estratégia a ser adotada com os áudios entre Lula e Dilma Rousseff, que seriam divulgados no dia em que Dilma tentaria nomear o ex-presidente como ministro da Casa Civil. Dallagnol contatou Moro para saber se o ex-juiz manteria a divulgação dos áudios mesmo com a nomeação e disse que o MPF apoiava. A revelação está na série de reportagens do The Intercept Brasil que traz áudios e transcrições de conversas secretas entre Moro e procuradores da Lava Jato. Na manhã do dia 16 de março, dia em que Dilma nomearia Lula para seu gabinete, Dallagnol enviou mensagem para Moro confirmando que o vazamento dos áudios entre os dois iria realmente ocorrer. "A decisão de abrir está mantida mesmo com a nomeação, confirma?", disse. Moro, prontamente perguntou "a posicao do MPF", respondida horas depois pelo procurador: "abrir". Os áudios repercutiram muito mal no meio juridico e causou desconforto nos dois, explicitado na conversa. "A liberação dos grampos foi um ato de defesa. Analisar coisas com hindsight privilege (benefício de perspectiva) é fácil, mas ainda assim não entendo que tivéssemos outra opção, sob pena de abrir margem para ataques que estavam sendo tentados de todo jeito", disse Dallagnol. Sem remorso, Moro respondeu: "Não me arrependo do levantamento do sigilo. Era a melhor decisão. Mas a reação está ruim".