A entrada definitiva de Sergio Moro na política partidária, com a filiação nesta quarta-feira (10) ao Podemos, movimentou os cofres da sigla que já pagou R$ 396 mil ao marqueteiro Fernando Vieira, que tem entre seus ex-clientes o PSDB, o PDT, o PHS e o PL, de Valdemar Costa Neto, que deve abrigar Jair Bolsonaro (Sem partido) na disputa eleitoral em 2022.
Foi Vieira quem cunhou o slogan que deve ser o mote do evento desta quarta-feira (10), quando Moro será recebido com pompas no Podemos: "Um Brasil justo para todos".
A agência do marqueteiro - a IV5 Inteligência em Comunicação - ainda tem feito pesquisas para direcionar a construção da imagem do ex-juiz da Lava Jato para além da figura anti-corrupção, imagem que ficou arranhada após a passagem como "super-ministro" de Bolsonaro e pelas mensagens da Operação Spoofing, que mostram o uso político da força tarefa nas eleições de 2018.
Entre as perguntas da pesquisa, o marqueteiro busca saber como os eleitores vêem o ex-juiz em temas como religião, orientação sexual e estrutura familiar, temas que devem ser polemizados por Bolsonaro durante a campanha eleitoral.
Encontro com sistema financeiro e agronegócio
Buscando proximidade com tótens do "mercado", Moro busca casar a agenda para encontros com setores do sistema financeiro e do agronegócio após o evento de filiação.
A ideia é que o Podemos construa uma ponte entre os atores - entre eles a mídia liberal - para colocar Moro como o candidato da chamada "terceira via".
Moro ainda busca ocupar o espaço deixado pelo apresentador Luciano Huck, que deixou a disputa presidencial para assumir o lugar de Fausto Silva aos domingos na Globo.
Entre as figuras próximas a Huck que Moro mantém interlocução estão os economistas Armínio Fraga e Pérsio Arida, ex-presidente do Banco Central no governo FHC, e o ex-governador do Espírito Santo, Paulo Hartung, um dos maiores entusiastas da pré-candidatura do apresentador global.
A filiação de Moro ao Podemos acontece na manhã desta quarta-feira em Brasília. Em seu discurso, Moro deve tratar de temas como saúde, educação, emprego, além de, claro, o combate à corrupção.