MP investiga casa noturna de São Paulo por prática de discriminação

O órgão abriu um inquérito civil para investigar as denúncias de frequentadores do Villa Mix, famosa casa noturna na zona sul da capital paulista. Página no Facebook "Boicote ao Villa Mix" reúne relatos de inúmeros frequentadores que dizem ter sido discriminados no local

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O órgão abriu um inquérito civil para investigar as denúncias de frequentadores do Villa Mix, famosa casa noturna na zona sul da capital paulista. Página no Facebook "Boicote ao Villa Mix" reúne relatos de inúmeros frequentadores que dizem ter sido discriminados no local Por Redação No Villa Mix, famosa casa noturna localizada na zona sul da capital paulista, o público é escolhido "a dedo", de acordo com denúncias de pessoas que dizem ter sido impedidas de entrar no local. “Eles barram negros, eles barram pessoas humildes, eles barram gente gorda”, diz uma das inúmeras denúncias que levaram o Ministério Público de São Paulo a abrir, na última segunda-feira (3), um inquérito civil para investigar a casa. Criada no dia 1º de agosto, a página no Facebook "Boicote ao Villa Mix" já conta com mais de 13 mil curtidas e reúne diversos relatos de frequentadores dizendo ter sofrido algum tipo de discriminação. Na página, inclusive, há depoimentos de ex-funcionários que revelaram que eram orientados a selecionar as pessoas que poderiam entrar na boate seguindo critérios raça, cor, posição social e padrão estético. "Para você ter uma ideia, se tivesse um cliente negro, que quisesse fechar uma mesa ou camarote e tivesse desarrumado ou fora dos padrões, simplesmente não entraria", revelou um desses ex-funcionários. Também há prints que seriam de "promoters" da boate negociando, via Whatsapp, entradas 'vips' para um grupo de meninas. "São 5 meninas, tem 5 vips?", pergunta uma garota, ao que o 'promoter' responde: "Bonitas?". A menina pergunta que diferença faria a beleza dos grupos e o funcionário completa: "Toda! Se nao for [bonita], não tem VIP". “Essa escolha de ‘quem entra e quem não entra’ tem a função de segregar e marcar a divisão entre pessoas que, embora morem na mesma cidade, não possuem a mesma classe social, a mesma cor de pele, o mesmo peso, ou a mesma beleza considerada como ideal pela representada. É evidente que a mencionada prática é discriminatória e fere os princípios constitucionais de igualdade e da pessoa humana", disse nesta quarta-feira (5) a promotora de Justiça Beatriz Helena Budin Fonseca. De acordo com o MP, a casa noturna foi comunicada sobre a instauração do inquérito e, no prazo máximo de 20 dias, deve prestar suas justificativas sobre os fatos relatados, especificamente sobre a forma de acesso e ingresso na casa noturna e a orientação e o treinamento dado aos funcionários para esse trabalho. Além do inquérito civil do MP, foi requisitada à delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI) a instauração de inquérito policial. Foto: Divulgação