MPF questiona uso de Força Nacional em assentamento agrário no sul da Bahia

Procuradoria ainda quer saber por que União determinou uso da Força sem pedido do governo estadual em área com conflitos

Policiais militares que foram ao assentamento na Bahia com agentes do Incra (Foto MST/Divulgação)
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O Ministério Público Federal (MPF) pediu aos ministérios da Agricultura e da Justiça que justifiquem por que o uso da Força Nacional de Segurança foi pedido e autorizado em assentamentos no extremo Sul da Bahia.

A solicitação foi feita nesta terça-feira (8). No ofício, o procurador federal  Carlos Alberto Vilhena fixa o prazo de cinco dias para que as respostas sejam enviadas.

Na semana passada, o Ministério da Justiça autorizou a ação de cerca de cem agentes da Força Nacional de Segurança em assentamentos rurais nas cidades de Prado e Mucuri, no sul da Bahia. O local está em conflito deflagrado desde a semana retrasada.

O procurador, no ofício, ainda pede esclarecimentos sobre a ausência de expressa solicitação do governador da Bahia para o uso da Força Nacional.

Vilhena também requer audiência com os titulares das duas pastas para discutir soluções consensuais e pacíficas.

Uso da Força Nacional

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) repudiou a autorização para invasão do assentamento pela Força Nacional. Ele denuncia que, na manhã do dia 27 de agosto, um carro do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) chegou ao assentamento escoltado por policiais. De acordo com o movimento, esse carro trazia uma família que tem relação direta com o tráfico de drogas. Ela teria sido colocada em um dos lotes.

No dia seguinte a essa ação, sexta-feira (28), casas do assentamento e tratores amanheceram queimados. Em um vídeo, o secretário de Assuntos Fundiários do Ministério da Agricultura, Luiz Antônio Nabhan Garcia, acusa o MST pela ação criminosa e de ameaçar os colonos.

O MST nega e, com informações de assentados, afirma que o crime foi cometido exatamente por essa família levada pelo Incra ao local.

Nabhan foi presidente da União Democrática Ruralista (UDR), representante dos grandes ruralistas, de 2013 a 2018. Ele sempre esteve do lado contrário de uma reforma agrária ampla e do MST. E foi colocado por Jair Bolsonaro na função exatamente de cuidar da reforma agrária. No ofício em que requereu informações, Vilhena afirma que o MPF acompanha com apreensão a atuação da União na área.