MST denuncia ameaça de despejo contra 120 famílias em acampamento em Alagoas

Prefeitura de Atalaia, com a prefeita Ceci Rocha (PSC) à frente, teria feito boletim de ocorrência para pedir retirada de acampamento, fruto de acordo extrajudicial mediado pelo governo estadual

Trabalhadores do acampamento Marielle Franco, em Atalaia (AL), organizado pelo MST (Foto MST no Alagoas)
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O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) denunciou, nesta sexta-feira (12), uma ameaça de despejo contra 120 famílias acampadas em uma área da cidade de Atalaia, em Alagoas. Segundo nota da entidade, a nova gestão municipal, comandada por Ceci Rocha, do PSC, teria feito um boletim de ocorrência de despejo e publicado a ação em suas redes sociais.

O acampamento Marielle Franco, organizado pelo MST, fica na fazenda Fazenda Santa Tereza e Imburí. Ele é fruto de um acordo extrajudicial mediado pelo governo do estado. O intuito foi que as mais de 120 famílias acampadas pudessem permanecer na área. A entidade destaca que ele é “resultado da falta de emprego e possibilidade de geração de renda que existe na região, agravado ainda mais com a pandemia do Covid-19”.

O MST diz que a área chegou a fazer parte do planejamento dos primeiros 100 dias da nova gestão municipal, como prioridade para o desenvolvimento da agricultura na região.

Na nota, o movimento destaca que lamenta que a nova gestão de Atalaia, “que apresenta em seu discurso a perspectiva de mudança, reproduza o que historicamente marca a cidade de Atalaia com suas oligarquias latifundiárias, que, em seu permanente discurso de violência, constituiu uma trajetória de perseguição e criminalização dos trabalhadores e trabalhadoras do campo”.

Leia a íntegra da nota do MST.

“Fomos surpreendidos na última quarta-feira (10) com uma divulgação nas redes sociais da prefeitura de Atalaia (AL), onde sinalizavam a realização de Boletim de Ocorrência contra as famílias acampadas na Fazenda Santa Tereza e Imburí, onde hoje se localiza o Acampamento Marielle Franco, organizado pelo MST.

Lamentamos que a nova gestão da prefeitura de Atalaia, que apresenta em seu discurso a perspectiva de mudança, reproduza o que historicamente marca a cidade de Atalaia com suas oligarquias latifundiárias, que em seu permanente discurso de violência, constituiu uma trajetória de perseguição e criminalização dos trabalhadores e trabalhadoras do campo.

Ainda no final de 2020, a atual gestão da prefeitura de Atalaia anunciou um plano de governo, com planejamento para os primeiros 100 dias de atuação da prefeitura, onde sinalizava um programa de desenvolvimento da agricultura junto às famílias acampadas no território.

Agora a prática é outra: despejo e retirada das centenas famílias de camponeses e camponesas da área onde vem produzindo alimentos saudáveis e construindo outra possibilidade de vida no município.

Destacamos ainda o papel da Reforma Agrária para o desenvolvimento do município, construindo novas possibilidades de emprego, geração de renda e qualidade de vida para centenas de famílias que vivem nos assentamentos da região.

Seguiremos firmes, organizados e em luta na defesa da Reforma Agrária Popular como possibilidade de garantia de vida digna para homens e mulheres.

Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra”