MST lembra massacre de Eldorado do Carajás e exige reforma agrária

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Foto: Eldorado dos Carajás - Passados 13 anos, o Massacre de Eldorado dos Carajás, uma das ações policiais mais violentas no meio rural, ainda deixa seqüelas e sentimentos contrastantes em quem a vivenciou. Até hoje, ninguém foi efetivamente responsabilizado pela ação que resultou na morte de 19 trabalhadores rurais e centenas de feridos no Pará Foto: Marcello Casal Jr./Arquivo ABr

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) se mobilizou durante esta semana, para lembrar o massacre de Eldorado do Carajás, que completa hoje, 17, 13 anos, e reivindicar a reforma agrária.

Em 17 de abril de 1996, a Polícia Militar do Pará entrou em confronto com um grupo de 1.500 trabalhadores sem terra acampados no sul do estado. O objetivo era tirá-los do local e desobstruir a Rodovia PA-150, ocupada em um protesto do movimento contra a demora na desapropriação de terras para reforma agrária. Até hoje, ninguém foi efetivamente responsabilizado pela ação.

Dos 144 policiais que responderam a processos, 142 foram absolvidos e apenas dois condenados. Estes ainda estão em liberdade. São eles o coronel Mário Collares Pantoja e o major José Maria Pereira de Oliveira, condenados a mais de 100 anos de prisão. Um recurso está há alguns anos sob avaliação da ministra Laurita Vaz, do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Cerca de 90 policiais que participaram da ação foram, em setembro do ano passado, promovidos a cabo. O governador do estado à época, Almir Gabriel, o secretário de Segurança Pública, Paulo Sette Câmara, e o comandante-geral da Polícia Militar, Fabiano Lopes, não responderam judicialmente pela atuação policial. A ausência de responsabilização mais ampla gera o inconformismo dos movimentos sociais.

O massacre de Eldorado dos Carajás, uma das ações policiais mais violentas do Brasil, teve grande repercussão no país e no exterior.

A atual governadora do Pará, Ana Júlia Carepa (PT), disse que em outubro deste ano serão pagas as indenizações ainda pendentes para cerca de 30 vítimas do confronto em Carajás. Desde abril de 2007, 22 famílias de sem-terra vítimas do massacre foram beneficiadas com pensões especiais e indenizações concedidas pelo governo. "O estado reconheceu o direito das vítimas não só de receber pensão, mas de receber assistência médica. Orientamos a Procuradoria a fazer acordos e a não protelar. O estado já pagou R$ 1,2 milhão de indenização no ano passado. Até outubro, vamos pagar para outras 30 pessoas que ou estavam lá, ou tinham parentes lá. Então, vamos zerar este ano esse processo de indenização", afirmou Ana Júlia.

Ocupações

Integrantes do MST ocuparam nesta sexta-feira, 17, mais três fazendas em Pernambuco . As duas pistas da rodovia BR-408 também foram interditadas por duas horas por um protesto que faz parte do chamado Abril Vermelho. O movimento já fez ocupações em 11 estados desde o início do mês.

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