Mujica: 'essa cultura nos transforma em compradores compulsivos'

Durante viagem à Guatemala, Mujica fez um apelo em favor do combate à desigualdade e atacou o consumismo na América Latina

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Durante viagem à Guatemala, Mujica fez um apelo em favor do combate à desigualdade e atacou o consumismo na América Latina Tradução de Victor Farinelli para Carta Maior Durante viagem à Guatemala, o ex-presidente do Uruguai, José Mujica (2010-2015), fez um apelo em favor do combate à desigualdade e atacar o consumismo na América Latina, em seu discurso no VI Fórum Centro-americano Esquipulas, em um debate sobre a integração regional. “A liberdade é o ponto de vista individual, quando nós tomamos as rédeas das nossas vidas e a orientamos, não o que as demandas do mercado impõem a elas”, expressou o carismático ex-governante, em sua intervenção de mais de uma hora, num hotel da capital guatemalteca. Para José Mujica, “(os mercados) tentam se apropriar do tempo, das nossas vidas, e transformar esse tempo de vida numa mercadoria, numa corrida infinita”. “Estamos rodeados, por um lado, de injustiça social, por outro lado, de ofertas que nos empurram dia e noite, essa cultura nos transforma em compradores compulsivos”, insistiu. O famoso político também criticou a falta de recursos fiscais e a negativa dos empresários em pagar impostos para que os governos invistam nos setores mais vulneráveis. “A integração é uma necessidade estratégica desde o ponto de vista político, e só haverá integração se houver vontade política. Na América Latina, os partidos de esquerda só serão realmente progressistas se são capazes de lutar com todas as suas forças pela integração”, afirmou. Finalmente, o ex-tupamaro guardou algumas palavras para aqueles que insistem em qualificá-lo como o “presidente pobre”. “Dizem por aí que sou o presidente pobre, e eu não sou pobre, caramba!”, sentenciou Mujica, despertando os aplausos do público presente. Foto de capa: Presidência do Uruguai