Mulheres jovens são as principais vítimas de assédio

De acordo com levantamento da ONU, 120 milhões de mulheres no mundo todo já foram vítimas de violação ou estupro até os 20 anos de idade.

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De acordo com levantamento da ONU, 120 milhões de mulheres  no mundo todo já foram vítimas de violação ou estupro até os 20 anos de idade Por Fania Rodrigues, no Brasil de Fato As estatísticas estão aí para comprovar: as mulheres jovens são as principais vítimas de assédios sexuais e estupro. De acordo com informações da Organização das Nações Unidas aproximadamente 120 milhões de mulheres jovens no mundo todo já foi vítima de violação ou estupro até os 20 anos de idade. Além disso, uma pesquisa feita no Brasil, pelo Instituto Avon, em parceria com o Data Popular, realizada em dezembro de 2014, mostra que 78% das mulheres já foram assediadas em locais públicos. Além disso, um terço das mulheres já foi xingada ou impedida de usar determinada roupa. A violinista Fabiana Doria, de 32 anos, recentemente foi assediada na rua. “Estava passando por uma rua, no Centro do Rio, em um dia de semana comum, quando um homem fez um gesto de beijo, com a boca. Não gostei e respondi com um sinal obsceno com a mão, foi então que me pegou pelo pescoço e apertou como se fosse me beijar a força. No susto, agarrei o braço dele e o derrubei no chão. Não contente, ele tentou se levantar para me agredir novamente, mas foi contido por um homem que passava”, relata a música. Fabiana disse que se sentiu duplamente agredida. “Esse homem achou que estava no direito de me assediar e quando reagi ele respondeu com outra agressão, ainda pior. É como se nós mulheres tivéssemos que aceitar quietas esse assédio na rua”, protesta a violinista. Assédio no transporte As jovens também são alvos de abusadores em ônibus, trens e metros, assim como em bares, restaurantes e casas noturnas. A pesquisa da Campanha Cidades Seguras para as Mulheres, de 2014, aponta que 43% das mulheres já sofreram algum tipo de assédio sexual no transporte público. O levantamento foi realizado nas periferias de Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e São Paulo. E 44% das meninas afirmam que homens já as assediaram e tocaram em seu corpo em uma balada ou festa, segunda o Data Popular. Campanha de enfrentamento à violência contra as mulheres Para combater essas estatísticas assustadoras, a Casa da Mulher Trabalhadora (CAMTRA), lançou esse mês a campanha “Não me cale, nem me culpe. #merespeitaae”. Foram divulgados vários vídeos, clipes musicais e peças de teatro que trás o tema a tona. A ideia é conscientizar o público e estimular as denúncias desse tipo de agressão. “As mulheres podem fazer a denúncia em qualquer delegacia, mas o ideal seria a delegacia da mulher, pois há uma equipe melhor preparada”, ressalta a coordenadora da campanha, Alyne Evelyn, do Núcleo de Mulheres Jovens da CAMTRA. A ativista destaca ainda que é preciso falar do tema, para que as próprias mulheres possam identificar esse assédio, muitas vezes velado. “Muitas mulheres não denunciam por vergonha, medo ou porque simplesmente não sabem que foram vítimas de um crime”, afirma Alyne Evelyn. As mulheres são tão coagidas na rua, dentro transporte, no trabalho e em outros lugares públicos, que muitas vezes nem percebem que estão sendo vítimas de um crime, que é o assédio e a violência sexual. Por isso a campanha “Não me cale, nem me culpe. #merespeitaae” quer chamar a atenção para essa violência, muitas vezes ignorada e legitimada pela sociedade. Mais informações podem ser obtidas por e-mail ([email protected]), no site www.camtra.org.br e no canal no Youtube: CAMTRA Casa da Mulher Trabalhadora. Foto de capa: Marcos Santos/USP Imagens