Na Bahia, Bolsonaro diz que Brasil está “praticamente vencendo a pandemia”

Titular do Planalto afirma que país, com 129 mil mortes pela Covid-19, o 2º maior número, foi um dos que “menos sofreu no mundo” com a emergência sanitária

Bolsonaro provoca aglomeração, sem usar máscara na Bahia (Foto: Alan Santos/PR)
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Em evento no interior da Bahia, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta sexta-feira (11) que o Brasil está “praticamente vencendo a pandemia” do novo coronavírus. Até o momento, 129,5 mil brasileiros perderam a vida para a Covid-19.

O titular atual do Planalto visitou as obras da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) , em São Desidério (BA). No evento, ele assinou ordem de serviço com o Exército para a realização de obras em lote da construção.

Durante discurso no evento, Bolsonaro disse que “o governo fez tudo para que os efeitos negativos” da pandemia fossem minimizados. Elencou o auxílio emergencial, pago a quem perdeu renda por causa da emergência sanitária e estímulo de crédito a micro e pequenas empresas. Além disso, citou investimento em recursos para que “governadores e prefeitos” atendessem a “possíveis infectados”.

Na chegada a Barreiras (BA), onde desceu o avião da comitiva, Bolsonaro voltou a repetir as cenas de aglomeração com populares. Ele parou para tirar selfies, sempre sem máscara. Apesar de já ter tido a Covid-19, o uso de máscara é recomendado até como exemplo para os demais. Muitos dos apoiadores que se aglomeraram para vê-lo estavam também sem o equipamento.

Menos sofreu?

O capitão reformado disse que a mídia estrangeira já começa a repercutir que o Brasil teria sido “um dos países que menos sofreu com a pandemia, dadas as medidas tomadas pelo governo federal”. Ele não citou o nome de nenhum veículo em que tivesse visto tal menção.

Se for considerado o aspecto de saúde, os números dizem o contrário. Com 129,5 mil mortes, o Brasil é o segundo colocado em óbitos pela Covid-19 no mundo, atrás apenas de Estados Unidos. Lá, como aqui, o presidente foi “negacionista” no início da pandemia, tentando minimizar seus efeitos. Depois, o próprio Donald Trump, ídolo de Bolsonaro, usou o Brasil como exemplo de país onde as coisas “iam mal” em termos da pandemia.

Do ponto de vista econômico, o Brasil teve um desempenho “mediano”. O Produto Interno Bruto (PIB), soma de todas as riquezas produzidas pelo país, caiu 9,7% no 2º trimestre em relação ao anterior. Mas praticamente todas as nações afetadas pela pandemia registraram quedas.

Em uma análise da variação do POB de 29 países feita pela OCDE, o tombo do Brasil foi maior do que o de EUA (-9,1%), Suécia (-8,6%), Japão (-7,8%) e outros 13 países. A retração registrada ficou igual à da Alemanha. E menor do que de Canadá (-12%), Itália (-12,4%), Chile (-13,2% ), Máxico (-17,3%) e Reino Unido (-20,4%), entre outros. Isso sempre usando a mesma base de comparação. Na média dos países analisados pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, a queda do PIB foi de 9,5%.