Na mídia internacional, cautela e desconfiança são os sentimentos mais comuns sobre Trump

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Com um estilo completamente diferente de seu antecessor, o discurso e as primeiras medidas do Governo Trump geraram polêmica na imprensa mundial. Confira a repercussão Por Vinicius Sartorato, colaborador da Rede Fórum As cerimônias de posse de presidentes norte-americanos sempre são um evento de caráter mundial e com Donald Trump não poderia ser diferente. As reações mais recorrentes entre a imprensa mundial foram marcadas pelo sentimento de desconfiança, cautela e por diversos protestos. Com um estilo completamente diferente de seu antecessor, o discurso e as primeiras medidas do Governo Trump geraram bastante polêmica. Foi assim com o primeiro decreto que atacou duramente o programa de saúde conhecido como "Obamacare", foi assim com as mudanças bruscas no conteúdo do website da Casa Branca, que eliminou todas referências ao Acordo de Mudanças Climáticas, a página LGBT e também sua versão em língua castelhana. Grandes meios de comunicação de massas mostraram estar assustados. O repórter para América do Norte da BBC, Anthony Zurcher, destacou a continuidade da retórica eleitoral, dizendo que o discurso de Trump foi para "os irados, os frustrados". Timothy Garton Ash, do inglês The Guardian, produziu um texto com o título: "Sob governo Trump, entraremos em uma Era de Confronto Global". Harry Cockburn, do The Independent, destacou que o slogan de Trump, "America First", foi usado por simpatizantes norte-americanos do nazismo na década de 40. As críticas não pararam aí, na Espanha, o El País dedicou um editorial duríssimo ao novo presidente. "Após protagonizar uma das transições mais tumultuadas que se recordam, o já presidente dos EUA demonstrou ontem não estar altura da magistratura que aceitou...". O francês Le Monde, em outro editorial, exprimiu toda sua preocupação, destacando: "Sexta-feira 20 de janeiro, o Presidente Trump não fez um discurso presidencial, muito menos um discurso inaugural, mas um novo discurso de campanha, um discurso de raiva e ressentimento aos seus eleitores mais do que a nação.". Com os alemães não foi diferente, a maior revista do país, Der Spiegel, produziu diversas matérias sobre Donald Trump, sendo que todas elas expressavam sua preocupação com uma desestabilização mundial crescente. Esse quadro repetiu-se por toda Europa, com raras exceções constatadas em diários de perfil conservador como o Le Figaro (francês) e o Daily Express (inglês), que desdenhavam dos protestos anti-Trump. O Daily Express foi o mais provocativo, exaltando o líder inglês pró-Brexit, Nigel Farage, tal como o que chamou de "Fim do Tratado Transatlântico de Livre-Comércio" tão esperado por líderes europeus. Os diários russos também entraram nas exceções, celebrando a posse de Trump. Com um pouco de cautela em relação aos compatriotas, a rede internacional russa, RT, destacou os protestos e a divisão entre os norte-americanos, mas lembrou positivamente da possibilidade de um encontro entre Trump e Putin nos próximos meses, a partir das declarações feitas pelo porta-voz do Kremlin, Dimitri Peskov. A desconfiança e cautela fez-se presente em quase todos os grandes meios de comunicação do mundo. As exceções foram pontuais. Os israelenses do Canal I24, demonstraram otimismo com o novo presidente norte-americano. Em diferentes matérias os israelenses destacaram a indicação da nova embaixadora dos EUA para o Conselho de Segurança da ONU e a possível renegociação do acordo nuclear com Irã. O conglomerado saudita Al-Jazeera destacou com preocupação a publicação no website da Casa Branca, da política externa "American First", que promete "unir o mundo civilizado contra o terrorismo radical islâmico". Por sua vez, os chineses da CCTV, destacaram as medidas para estabilização de sua moeda o yuan e expressaram com firmeza a recusa ao convite de uma delegação de Taiwan para posse de Trump, algo que chamaram de provocação que visava “interromper as relações entre EUA e China”. Por outro lado, a rede internacional Press TV, ligada ao governo iraniano, usou palavras duras sobre o novo presidente norte-americano. “Trump vai trazer o mundo mais próximo à Guerra” dizia uma de suas manchetes. Por fim, entre diários latino-americanos, ganharam maior destaque o cancelamento da página em língua castelhana da Casa Branca, a ausência total de descendentes latino-americanos no governo, os ataques à imprensa feitos pelo presidente recém-empossado, os protestos realizados, e a crítica feita pela Papa Francisco. O jornal mexicano La Jornada destacou o encontro previsto do presidente Peña Nieto e os protestos anti-Trump que reuniram mais pessoas que a posse do magnata. Já a venezuelana Telesur criticou a nova abordagem do governo norte-americano para América Latina, que já fala de mudança de regime em Cuba e na Venezuela.