Na ONU, Dilma cita Mujica e afirma que é preciso aprimorar a democracia

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Presidenta reafirmou compromisso no acolhimento aos refugiados, pediu reforma no Conselho de Segurança e disse que, apesar da crise econômica, processo de inclusão social não foi interrompido Por Rede Brasil Atual Em discurso que abriu o debate geral da 70ª Assembleia Geral da ONU hoje (28), a presidenta Dilma Rousseff ecoou o ex-presidente uruguaio José Mujica e lembrou que "a democracia não é perfeita porque os homens não são perfeitos. Mas devemos trabalhar para melhorá-la, não para sepultá-la". Em discurso proferido na sede das Nações Unidas, em Nova York, Dilma garantiu que o Brasil seguirá trilhando o caminho da democracia e não abrirá mão das conquistas sociais. "No Brasil, o processo de inclusão social não foi interrompido", lembrou a presidenta. Ela afirmou que o país procurou por seis anos conter os efeitos da crise econômica internacional, mas que esse esforço chegou ao limite, tanto por questões fiscais internas, como devido ao fraco desempenho da economia internacional e o fim do ciclo das commodities. Dilma afirmou que o Brasil não tem problemas estruturais. "Nosso problemas são conjunturais", afirmou, anunciando medidas permanentes de redução de gastos, com cortes em despesas, gastos governamentais e, até mesmo, investimentos. Apesar das dificuldades apresentadas, a presidenta afirmou que hoje, a economia brasileira é "mais forte, sólida e resiliente do que há alguns anos atrás". Para Dilma, o período de atual de dificuldades econômicas é um "momento de transição para novo ciclo de expansão". Ela destacou medidas de incentivo ao crescimento, com pacotes de investimentos em infraestrutura e energia. "Esperamos que o controle da inflação e a retomada do crescimento e do crédito contribuirão para a recuperação do nosso país. Essas são as bases para o novo ciclo de crescimento e desenvolvimento baseado no aumento da produtividade e na geração de mais oportunidades de investimentos para manter e ampliar o emprego para os cidadãos", disse a presidenta. Dilma afirmou que os avanços econômicos e sociais dos últimos anos foram obtidos em um ambiente de consolidação e aprofundamento da democracia, "que o governo e sociedade não toleram a corrupção, mas que o combate tem que ser feito dentro dos limites da lei". "Queremos um país em que as leis sejam o limite. Muitos de nós lutamos por isso quando as leis e os direitos foram vilipendiados durante a ditadura. Queremos um país em que os governantes se comportem rigorosamente segundo suas atribuições, sem ceder a excessos, além de juízes que julguem com liberdade e imparcialidade, sem pressões de qualquer natureza, desligados de paixões político-partidárias", ressaltou. A presidenta destacou o êxito de políticas sociais do governo brasileiro, como o Fome Zero, que contribuiu para a retirada do país do chamado mapa da fome, e serve de modelo para que os demais países alcancem esse, que é um dos itens dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU. Ela voltou a afirmar que o Brasil está "de braços abertos" para acolher refugiados, e disse ser absurdo "impedir o livre transito de pessoas". "O Brasil é um país de acolhimento, um país formado por refugiados. Recebemos sírios, haitianos, homens e mulheres de todo o mundo. Assim como abrigamos há mais de um século europeus, árabes e asiáticos, estamos abertos e de braços abertos para receber refugiados. Somos um país multiétnico", afirmou. A presidenta ressaltou que os conflitos não resolvidos e a onda de refugiados que partem dos países da Ásia e do Norte da África denotam a necessidade de uma reforma no Conselho de Segurança da ONU, para que se torne mais representativo e eficaz, e espera que essa Assembleia se torne um ponto de inflexão nesse sentido. Dilma defendeu a solução dos dois estados para o conflito entre israelenses e palestinos. "Não se pode postergar a criação de um estado palestino que conviva com o estado de Israel. Não é tolerável a expansão dos assentamentos nos territórios ocupados", condenou a presidenta. Dilma reafirmou ainda os compromissos do Brasil com o combate ao aquecimento global e lembrou que o país foi um dos poucos países a se comprometer com a meta absoluta da redução de emissões e listou esforços na redução do efeito estufa, com estímulo a utilização de energia limpa e redução de desmatamento, por exemplo, mas sem comprometer o desenvolvimento. Dilma mencionou, ainda, os recém-reinaugurados painéis "Guerra e Paz", de Cândido Portinari, presente do governo brasileiro à entidade e que deve lembrar as responsabilidades da ONU em evitar conflitos armados, promover a paz e justiça social, e combater a fome e a pobreza. "A mensagem dos murais permanece atual", disse Dilma, lembrando mais uma vez dos vítimas das guerras e dos refugiados.