"Não existe indústria de multas": especialistas desconstroem argumentos do debate para prefeitura de SP

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Os coletivos Ciclocidade e Cidadeapé fizeram um acompanhamento do primeiro debate entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo e, segundo esses grupos, temas como inspeção veicular, redução das velocidades e implantação de ciclovias foram discutidos de maneira "superficial e marcado pelo uso de dados equivocados" Por Redação Os coletivos Ciclocidade e Cidadeapé fizeram um acompanhamento das discussões do primeiro debate dos candidatos à Prefeitura de São Paulo, realizado na noite desta terça-feira(22), e avaliaram as discussões entre os políticos como "superficiais e marcadas pelo uso de dados equivocados". Um dos pontos colocados em debate foi a oposição a política de redução das velocidades feita durante a gestão do atual prefeito e candidato a reeleição Fernando Haddad (PT). Os argumentos utilizados por João Dória (PSDB) e Celso Russomanno (PRB) é de que a medida serve para criar uma chamada "indústria de multas". Por meio de uma nota, os coletivos dizem que, na verdade, o que existe em São Paulo é "uma indústria das infrações, ou seja, o desrespeito generalizado às regras de trânsito". "Segundo estudo da CET, uma parcela ínfima (uma a cada 4.416) das infrações cometidas por condutores de automóveis são, de fato, autuadas. O que nos leva a concluir que aumentar a fiscalização é uma medida fundamental para a humanização do trânsito da cidade", escreveram. Outro ponto tocado no debate foi o da inspeção veicular, política criada durante a gestão de Gilberto Kassab (PSD) que visa medir o nível de poluentes emitidos pelos veículos que circulam na cidade. Depois de denúncias de suspeitas de corrupção da Controlar, empresa que realizava a inspeção, e a gestão Kassab, Haddad suspendeu o convênio da Controlar com a Prefeitura em 2013 e até então a inspeção está suspensa na cidade. "Quando citaram a inspeção veicular, imaginamos que o debate aprofundaria para a discussão sobre políticas sérias de desestímulo ao uso do carro na cidade. Ledo engano: a discussão ficou na superficialidade de debater se a taxa seria cobrada ou não", comentou Daniel Guth, diretor geral da Ciclocidade. No texto, os coletivos dizem que o raciocínio dos políticos tem que ser o de reduzir o uso de veículos motorizados particulares como maneira de diminuir a emissão dos poluentes. "O Estado pagar significa dizer que a conta será dividida por toda a populac?a?o da cidade, sendo que a maioria dos moradores de São Paulo não usa carro. O raciocínio deve ser justamente o oposto: para reduzir a emissão de poluentes, precisamos urgentemente reduzir o uso dos veículos motorizados particulares, não apenas fiscalizar sua emissão de poluentes", diz a nota. De acordo com os coletivos, a única candidata que apresentou compromissos assumidos foi Marta Suplicy (PMDB), que prometeu construir seis novos corredores de ônibus caso seja eleita. Segundo a nota, no entanto, a ex-prefeita cometeu um erro ao dizer que ciclovias não seriam prioridade em um eventual governo seu. "O Plano Municipal de Mobilidade inclui a infraestrutura cicloviária como parte fundamental do sistema de mobilidade da cidade", dizem. "A política nacional diz que a prioridade para os investimentos é dos modos coletivos e dos modos ativos de deslocamento, e Marta, como senadora, deveria saber. Ela não pode contrariar a legislação e dizer que ciclovias e ciclofaixas não são prioridade", afirma Rafael Calabria, articulador da Cidadeapé. Leia também: Plataforma vai fiscalizar propostas de mobilidade nas eleições de 2016 em São Paulo Foto de Capa: Reprodução/Youtube