“Não podemos cair numa aventura regressiva”, diz Marilena Chauí

Em ato político, artistas e intelectuais reafirmam apoio a Dilma Rousseff e classificam Marina Silva como “uma aventura”

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Em ato político, artistas e intelectuais reafirmam apoio a Dilma Rousseff e classificam Marina Silva como “uma aventura” Por Marcelo Hailer Aconteceu nesta segunda-feira (15) o ato #RedeCulturaComDilma, que marca o apoio de vários artistas e intelectuais à candidatura da presidenta Dilma Rousseff (PT) à reeleição. Um manifesto assinado por Chico Buarque, Marieta Severo, Otto, Beth Carvalho, Marilena Chauí, entre outros, foi lançado na tarde desta segunda. No documento, os signatários declararam que o Brasil não pode “permitir o retrocesso”. A primeira a falar e declarar o seu apoio a Dilma Rousseff foi Ana Paula Oliveira, do Coletivo Matutada, um dos pioneiros a ser contemplados pela política dos Pontos de Cultura. Ela ressaltou a importância de tal política para as periferias do Brasil. “As cotas e os Pontos de Cultura foram uma revolução. Sou fruto de um Ponto de Cultura, posso citar aqui o Fora do Eixo, a Cooperifa. É por tudo isso que estou na rede de apoio à presidenta. Estamos prontos pra construir uma política de cultura na periferia, não apenas como reparação. Estamos prontos para ser o maior eixo de cultura desse país”, disse Oliveira. Posteriormente à fala de Oliveira, o evento prestou uma homenagem ao arquiteto Oscar Niemeyer (1907-2012), que esteve presente no último evento de apoio dos artistas e intelectuais à campanha de Dilma, em 2010. Este ano, ele foi representado pelo filho Paulo Niemeyer no ato. Durante a celebração da memória do homem que desenhou Brasília, o público gritava “Oscar Niemeyer, presente”, uma forma clássica de celebrar aqueles que já se foram. Após a homenagem, foi a vez da filósofa e professora da USP (Universidade São Paulo), Marilena Chauí, declarar o seu apoio à presidenta. “Eu amo o PT, eu amo o Lula, eu amo a Dilma e é esse amor que me traz aqui hoje, pois eu amo a liberdade”, declarou Chauí, que depois comentou a respeito da polarização entre Dilma Rousseff e Marina Silva. “Eu julgo que as candidaturas estão polarizadas de uma maneira que convoca a nós, intelectuais, artistas, estudantes, para uma tarefa profunda e intensa: a polarização entre um caminho com um rumo seguro, certeiro, do começo até agora e o risco de uma aventura regressiva. Não é apenas regressão, é aventura. Temos que esclarecer o povo brasileiro para que essa aventura não venha destruir anos e anos de construção econômica, cultural e social”, defendeu a professora. Por fim, Marilena Chauí disse não entender algumas posições de Marina Silva. “Não posso compreender como alguém que não gosta da política pode aspirar pelo posto mais alto da República e, se você não tem um partido que trabalha com você, como é que você vai fazer isso se não tem partido? Ou vai ser marionete ou a imperatriz da China. Estou convocando os intelectuais, os artistas, os estudantes para esta tarefa de ajudar a esclarecer a sociedade brasileira, pois o povo tem um caminho perfeito que está dado”, disse. Antes do teólogo Leonardo Boff iniciar a sua explanação, a cantora Beth Carvalho pediu o microfone e fez uma rápida canja. “Deixa a Dilma me levar/ Dilma leva eu/ Dilma Dilma Dilma/ Todo mundo é com a Dilma”, cantou Beth Carvalho. “Em seu primeiro encontro, eu cantei e você ganhou, e agora vai conseguir o seu segundo mandato, se Deus quiser!”, disse a sambista. Leonardo Boff iniciou afirmando que é próprio dos intelectuais ficarem “distantes” de partido político, mas que em certos momentos é preciso tomar posição. “Quando percebemos que conquistas dos povos estão em risco, não podemos ficar equidistantes, temos que tomar uma posição e é por isso que estou aqui e em outras partes do Brasil apoiando a Dilma Rousseff”, declarou o filósofo da Teologia da Libertação. Boff ainda citou o economista Caio Prado para dizer que a gestão do PT está promovendo uma revolução no Brasil. “Caio Prado dizia que a revolução é introduzir as transformações de anseio popular que nunca foram atendidas, dar um rumo ao país. Lula e Dilma fizeram esse tipo de revolução. Isso não pode ser perdido e desfeito. Não houve apenas uma alternância de poder, mas de classe social. Aqueles que estiveram há séculos à margem conseguiram se organizar, criar a libertação e uma nova consciência social”, disse Boff. Foto: Coligação Com a Força do Povo