“Não somos vândalos”, dizem manifestantes pelo passe livre

Quarta manifestação é marcada por críticas à repressão da polícia e termina novamente com detidos e gás lacrimogêneo

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Quarta manifestação é marcada por críticas à repressão da polícia e termina novamente com detidos e gás lacrimogêneo

Por Adriana Delorenzo

[caption id="attachment_25267" align="alignleft" width="269"] Manifestante critica governador de SP, Geraldo Alckmin, que afirmou "ser intolerável ação de baderneiros, de vândalos"[/caption]

Mais um protesto contra o aumento das tarifas em São Paulo terminou com repressão policial e disparo de bombas de gás lacrimogêneo, nesta quinta-feira (13). Esta foi a quarta manifestação encabeçada pelo Movimento Passe Livre. Milhares de pessoas se reuniram a partir das 17h, em frente ao Teatro Municipal, no centro da capital paulista. Nesta hora, helicópteros da PM já sobrevoavam a região, anunciando o clima tenso. Em seguida, os manifestantes marcharam até a Praça Roosevelt, quando foram impedidos de continuar o protesto e teve início o conflito.

Além da luta pela redução do preço do transporte público, não faltaram críticas à violência da polícia e à cobertura da mídia em relação aos protestos. “A mídia fala que nós somos os bandidos, os vândalos, mas não veem quem realmente é bandido”, disse o estudante de arquitetura Henrique de Paula Rossi.

O pedido de libertação dos 13 detidos no último protesto de terça-feira (11) também era exibido em faixas e cartazes. No entanto, até o fechamento desta matéria, já eram 68 o número de presos durante a manifestação de hoje, segundo a Secretaria de Segurança Pública de SP. A reportagem da Fórum presenciou diversos jovens sendo presos pela polícia. Todos estavam sendo levados para um ônibus da PM. Um repórter da Carta Capital chegou a ser detido porque estava portando vinagre, que é usado para aliviar o efeito do gás lacrimogêneo.

[caption id="attachment_25263" align="alignleft" width="245"] O estudante Henrique critica a cobertura da mídia[/caption]

Mais que 20 centavos

“Não sei se vai baixar para R$ 3,00 ou para R$ 2, 75, acho que precisa de mobilização, e o brasileiro não está acostumado com isso,” afirmou Tamires Medeiros, professora de Biologia da rede pública de SP. “Vinte centavos qualquer um paga, a questão é a mobilidade, a qualidade. É pagar 20 centavos por um transporte que é um lixo. É a falta de coletividade, todos com um carro e [o trânsito de] São Paulo já parou.” [caption id="attachment_25265" align="alignleft" width="358"] Alan (à diireita) e Robson: "juventude tem que ter voz"[/caption]

“Pego ônibus e metrô todos os dias, e a condição do transporte público é precária”, criticou o estudante Robson dos Santos Almeida, 18 anos, que participou pela primeira vez do protesto contra o aumento da tarifa. “Vim para mostrar que a gente tem voz”, disse ele, que trabalha com análise de sistemas e faz faculdade de Ciência da Computação.

Outro manifestante, Alan Ulisses, de 23 anos, que trabalha com terceiro setor, ressalta que “é assalariado” e que “a juventude brasileira tem que ter voz ativa em tudo que ela faz”. “É totalmente errôneo as pessoas acharem que isso é uma forma de vandalismo, isso é uma forma de mostrar que também somos seres humanos e buscamos direitos”, disse.

(Foto capa: Mídia Ninja)