Nas favelas brasileiras, 87% conhecem alguém que pegou Covid

Pesquisa mostra ainda que 84% ganham metade ou menos do que recebiam antes da pandemia e, para 59%, o Brasil está ainda no meio da emergência sanitária

Vista da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)
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Uma pesquisa feita no início de setembro em 70 favelas brasileiras mostra como a pandemia do novo coronavírus atingiu em cheio essas comunidades, ressaltando ainda mais as desigualdades já crônicas do país.

A pesquisa Coronavírus nas Favelas mostrou que 87% dos entrevistados conhecem alguém que teve Covid-19. O levantamento ainda revela que 13% dizem ter sido contaminados pelo novo coronavírus e 28% não sabem se foram ou não contaminados.

Talvez por praticamente todo mundo conhecer alguém que foi contaminado, 59% dos moradores das favelas avaliam que o país está no meio da pandemia. Só 14% consideram que estamos no final da emergência sanitária. Diferentemente do que se observa em bairros de maior poder aquisitivo, em que parece que a pandemia acabou.

Para além da contaminação, os moradores das favelas brasileiras amargam uma queda brutal de sua renda. O estudo, realizado pelo Data Favela, parceria do Instituto Locomotiva e da Central Única das Favelas (Cufa), mostra que 84% estão ganhando metade ou menos do que ganhavam antes da doença chegar ao Brasil. E 94% deles  saíram de casa nos 7 dias anteriores à pesquisa, sendo 34% todos os dias.

“A gente já sabia que o vírus nunca foi democrático num país tão desigual como o nosso. Os pobres pegam mais Covid do que o resto dos brasileiros numa proporção dramática, como mostrou essa pesquisa”, disse Renato Meirelles presidente do Instituto Locomotiva e fundador do Data Favela, em nota.

Já Celso Athayde, fundador da Central Única das Favelas (Cufa) e do DataFavela, fez uma avaliação da aplicação das medidas de prevenção ao novo coronavírus nas comundiades. “Distanciamento social é ficção para famílias que dividem um cômodo e o mesmo banheiro. A favela é mais vulnerável”, afirmou.

A pesquisa foi feita online, com 3.585 pessoas, nos dias 9 e 10 de setembro. A margem de erro é de 2,9 pontos percentuais.