Nestlé e a água: a eterna polêmica

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Decisão da Anvisa de proibir venda de um lote de água engarrafada São Lourenço, pertencente à gigante Nestlé, reacende a discussão sobre o papel privado em relação à água como bem público Por Redação Na última sexta-feira (15), a Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa) tomou a decisão de proibir a distribuição e a comercialização, em todo o território nacional, de um lote da água engarrafada São Lourenço por conta de um laudo do Instituto Adolpho Lutz (da Universidade de São Paulo), que constatou presença anormal da bactéria Pseudomonas aeruginosa, em pelo menos parte das garrafas vendidas em todo o país. Este tipo de bactéria ataca os pulmões, vitimando em especial pessoas com baixa resistência imunológica. A notícia quase não foi destacada por boa parte da mídia, no entanto, a decisão de Anvisa reabre a discussão sobre as práticas de desmineralização da água, que a Nestlé adota em São Lourenço (MG), pois não é de hoje que a transnacional suíça se envolve em polêmicas por conta da água - e isso não é exclusividade brasileira. O estado norte-americano de Michigan, conhecido como o "estado das águas" - por conta de seus diversos lagos que fazem fronteira com o Canadá - é um dos que mais sofrem por conta da presença da Nestlé no estado. De fato, não faz muito tempo que Peter Brabeck, presidente da Nestlé, defendeu a privatização do fornecimento da água, isso para que atentássemos ao fato de que a água sendo gratuita faz com que em várias ocasiões as pessoas não lhes deem valor e a desperdicem. Além de também defender que a água deveria fosse tratada como qualquer outro bem alimentício e ter um valor de mercado, estabelecido pela lei de oferta e procura. Só desta maneira, aponta, empreenderíamos ações para limitar o consumo excessivo que se dá nesses momentos. Obviamente, além do grande "bem" para a sociedade, isso também geraria enormes lucros para sua empresa: a Nestlé é a líder mundial na venda de água engarrafada - setor que representa 8% de seu capital, que em 2011 totalizaram aproximadamente 68,5 bilhões de euros. Afinal, o negócio das águas minerais engarrafadas se transformou em um dos setores mais lucrativos e de maior expansão no mundo. Veja abaixo o vídeo (com legendas em inglês) de Brabeck afirmando que os cidadãos do mundo não possuem um direito automático a mais água do que apenas o necessário para sua "mera sobrevivência", a não ser que eles possam pagar. Em outro vídeo (esse com legendas em português), é contada a história por trás da indústria das águas engarrafadas, e a pergunta que fica no ar: "O que eles vão vender depois, ar?".