“Ninguém quer defender bandido”, diz presidente da CPI da Merenda, que não convocou acusados de desvio

Secundaristas estavam presentes durante sessão da Comissão segurando bolinhos industrializados que são distribuídos pelas escolas como merenda.

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Secundaristas estavam presentes durante sessão da Comissão segurando bolinhos industrializados que são distribuídos pelas escolas como merenda Por Beatriz Sanz Na manhã desta quarta-feira, (3), em um dos plenários da Assembleia Legislativa de São Paulo, estavam sendo discutidos por representantes do legislativo os eixos de trabalho da CPI da Merenda. O objetivo da Comissão é investigar as acusações contra membros da secretaria estadual de Educação e também da própria Assembleia Legislativa, incluindo, o presidente da Casa, Fernando Capez (PSDB), de desvio de verba que seria destinada a merenda escolar. No relatório, feito pelo deputado Estevam Galvão (DEM), ficou decidido que os deputados federais Duarte Nogueira (PSDB), Baleia Rossi (PMDB), Nelson Marquezelli (PTB) e os deputados estaduais Fernando Capez (PSDB), Fernando Cury (PPS) e Luiz Carlos Gondim (SD), todos citados nas investigações, não seriam convidados a depor no primeiro momento. Depois de uma longa conversa a cerca do assunto, ficou assinalado que todos os entes políticos serão convidados a comparecer na Comissão. A ordem  que estava proposta no relatório era que primeiro fosse ouvido o corregedor-geral do Estado, Ivan Francisco Pereira Agostinho, e outros acusados que não são parlamentares, como o ex-secretário de Educação Herman Voorwald e outros assessores. Essa dinâmica foi questionada pelo deputado Alencar Santana (PT). Segundo ele, "A tropa de choque do Alckmin e do Capez ali na CPI está agindo em sintonia para preservá-lo”. O parlamentar disse que é uma inversão não convidar os acusados a prestarem esclarecimentos. Ele também questionou a ordem dos convites e ao fim, ficou acertado que primeiros serão chamados os acusadores, para que depois os acusados de participar do esquema venham a se pronunciar. "Era a construção de uma linha de defesa para que os eventuais acusadores falassem naquele eixo, para não prejudicar em nada a intenção deles que é de passar atestado de idoneidade para o governo e o presidente Capez", afirmou o deputado. Ainda durante a discussão de como será o processo, o presidente da CPI, Marcos Zerbini (PSDB), disse que "aqui ninguém quer defender bandido". Segundo ele, a CPI investigará para apontar os culpados. O estudante Erick Borges, que participou da ocupação da Alesp em maio, destaca que a CPI não deve ser o único meio, já que os deputados integrantes, em sua maioria, fazem parte da base governista. “No sentido da investigação ir pra frente, de haver uma punição para os responsáveis, eu acho que é bem difícil de confiar. Tem que ter muita pressão popular”, afirma. Durante a discussão do relatório, o deputado João Paulo Rillo (PT), que não faz parte da CPI, sugeriu que também fossem convidados o delegado da cidade de Bebedouro, José Eduardo Vasconcellos, que recebeu a primeira acusação da fraude, e o ex-gerente da Coaf,  a cooperativa envolvida no escândalo, João Roberto Fossaluza Júnior. O último foi responsável por denunciar o esquema. A sugestão foi atendida e Fossaluza Júnior, estará presente na próxima sessão da Comissão, prevista para acontecer no próximo dia 07. Alguns estudantes estavam acompanhando a sessão segurando os bolinhos industrializados que são distribuídos como merenda nas escolas e gritando palavras de ordem contra o "Ladrão de Merendas", como eles se referem a Capez. Ocupação Em maio, alunos das escolas estaduais ocuparam a Alesp pedindo que a CPI fosse instaurada. Naquele momento, os deputados da base governista se recusavam a assinar o requerimento de instauração. Em 24 horas o documento foi aprovado com 70 assinaturas, mais que o dobro do necessário. A Comissão conta com apenas um deputado da oposição, Alencar Santana (PT). Foto de Capa e vídeo: Katia Passos/ Jornalistas Livres