No Chile, vencedor do Oscar dirigirá campanha a favor da nova constituição em plebiscito

Para o cineasta Sebastián Lelio, “a tática de semear o medo se tornou sinônimo da direita e deve ser combatida com um discurso que promove a confiança no povo do Chile".

O cineasta chileno Sebastián Lelio (foto: Agência Uno)
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Sebastián Lelio, um dos cineastas chilenos mais aclamados da atualidade, vencedor do Oscar e de prêmios em Berlim, San Sebastián e outros festivais, foi anunciado neste domingo (2) encarará seu primeiro desafio na política. Ele será o diretor da campanha audiovisual do “Aprovo” para o plebiscito de 26 de abril. A opção “Aprovo” significa estar de acordo a que o Chile inicie o processo para fazer uma nova constituição, e sepulte de vez a atual, imposta em 1980 pelo ditador Augusto Pinochet. A outra opção do plebliscito é “Rechaço”, e significa manter a carta magna do ditador vigente. Em entrevista para um diário local, Lelio se referiu a estratégia comunicacional dos seus adversários, que defendem a opção “Rechaço” dizendo que uma nova constituição gerará caos e violência “ao nível da Venezuela”, e que a atual (importa em ditadura) “garante estabilidade”. Segundo o cineasta “o medo a mudar, a tática de semear o medo, se tornaram sinônimo da direita, e deve ser combatida com um discurso que promove a confiança no povo do Chile, que tenha implícito um chamado para criar uma nova Constituição legítima, concebida entre todos, em democracia”. Em 2018, Sebastián Lelio se tornou o terceiro diretor sul-americano, e o primeiro não argentino a vencer o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, com o filme “Uma Mulher Fantástica”. Antes disso, faturou prêmios em Berlim e San Sebastián com “Glória”. Na mesma entrevista, o diretor explicou sua decisão de interromper seus trabalhos cinematográficos para se dedicar à campanha política: “este é o momento em que devemos ser responsáveis, é tempo de esperança, e sobretudo de coragem”.