Até esta sexta-feira (3), o Brasil havia registrado, de acordo com dados do Ministério da Saúde, 9.056 casos confirmados de coronavírus e 359 óbitos causados pela doença. O número real, no entanto, deve ser bem maior, já que há inúmeras evidências de sub-notificação devido à baixa quantidade de testes para suprir a demanda.
Em 1 de fevereiro, mais de um mês antes do primeiro caso de coronavírus ser confirmado no Brasil, o cientista político Manoel Neto, articulista da Fórum, já alertava em artigo que a pandemia no país explodiria em março caso o governo não tomasse medidas de precaução. E foi exatamente o que aconteceu.
"A imprensa não explica o que está ocorrendo ao mostrar dados de forma aleatória para que a população não entre em pânico. Mas a população precisa desse pânico e de reação imediata preventiva", escreveu Neto antes de começar a apresentar dados sobre o crescimento da pandemia na China e chamando a atenção para o fato de que a doença, inevitavelmente, chegaria no Brasil.
Durante todo o mês de fevereiro, no entanto, o presidente Jair Bolsonaro ignorou a Covid-19 e não tomou nenhuma medida preventiva. Em março, quando os primeiros casos começaram a surgir, o governo federal manteve a postura de minimizar a pandemia e, mesmo no final do último mês, quando já estava clara a gravidade da situação, Bolsonaro seguiu e segue descredibilizando a importância do isolamento social, medida que o articulista da Fórum já apontava como a mais efetiva para a contenção da disseminação da doença.
"A quarentena chinesa de 41 milhões de pessoas é, de longe, a maior operação de isolamento de uma população na busca de se isolar contágio por doenças na história da humanidade. Se o caso fosse pouco, os cientistas chineses (maior número de doutores com alto Q.I do mundo) não teriam dado essa orientação ao governo deles", escreveu Neto.
"O Brasil vai atingir a mesma aceleração de contágio de mais de 51% de novos casos ao dia, entre 27 de março e 04 de abril. E os casos não serão registrados, sendo entendidos pelo governo, postos de saúde e contabilizados como uma simples gripe", previu o articulista.
O artigo "profético" não se limitou a fazer o alerta, mas também expôs sugestões de medidas que poderiam ser tomadas pelo governo federal e pelos governos estaduais, como o fechamento de fronteiras, criação de barreiras sanitárias, imposição de quarentenas, entre outras.
Nada disso foi feito a tempo.
Confira a íntegra do artigo aqui.