NYT: "Dilma está certa em questionar motivos e autoridade moral" do impeachment

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Em editorial, o tradicional jornal norte-americano fala sobre o golpe no Brasil e destaca que "não há evidências de que ela [Dilma] tenha abusado de seu poder para ganho pessoal, enquanto muitos dos políticos orquestrando sua saída estão implicados em um enorme esquema de pagamento de propinas e outros escândalos” Por Opera Mundi O jornal norte-americano The New York Times publicou nesta sexta-feira (13/05) um editorial em que afirma que a presidente brasileira, Dilma Rousseff, está “certa em questionar os motivos e autoridade moral dos políticos que estão tentando destituí-la” visto o envolvimento de muitos deles em esquemas de corrupção e a inexistência de provas da implicação de Dilma em tais esquemas. “Não há evidências de que ela tenha abusado de seu poder para ganho pessoal, enquanto muitos dos políticos orquestrando sua saída estão implicados em um enorme esquema de pagamento de propinas e outros escândalos”, escreve o NYT. Dilma pode “pagar um preço desproporcionalmente alto por irregularidades administrativas enquanto vários de seus detratores mais ardentes são acusados de crimes muito mais ultrajantes”. O artigo, intitulado “Making Brazil’s political crisis worse” (“Deteriorando a crise política no Brasil”, em tradução livre), destaca que Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que avançou o processo de impeachment na Câmara dos Deputados, foi afastado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) devido a acusações de corrupção, enquanto Michel Temer, vice-presidente e atual presidente interino, foi condenado pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo por fazer doações de campanha acima do limite permitido por lei e pode se tornar inelegível por oito anos.
Segundo o NYT, as pedaladas fiscais, usadas como pretexto para o impeachment da presidente brasileira, são "uma tática que outros líderes brasileiros já usaram no passado sem atrair muito escrutínio". "Muitos suspeitam que o esforço para remover Dilma do poder tem mais a ver com sua decisão de permitir que procuradores sigam em frente com uma investigação de corrupção na Petrobras", a operação Lava Jato, que já implicou "mais de 40 políticos", diz o jornal. Se o Senado condenar Dilma ao fim do processo de impeachment que será julgado nos próximos 180 dias, “líderes brasileiros podem facilmente voltar à política de pagamento de propinas”, diz o NYT, o que seria “indefensável.” O jornal se posiciona a favor da realização de novas eleições no país no caso de o mandato de Dilma Rousseff ser interrompido: “Os brasileiros devem ter a chance de eleger um novo líder imediatamente.” Para o NYT, os políticos que avançaram contra Dilma e promoveram seu processo de impeachment “podem descobrir que grande parte da ira contra ela será em breve redirecionada contra eles”.