"O de cima sobe, o de baixo desce": Estudo aponta disparada incessante da desigualdade no Brasil

Dados do FGV apontam que, desde 2015, a desigualdade de renda não para de subir no Brasil

Reprodução/TV Globo
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A pesquisadora Priscila Rubim não teve dúvidas ao comparar os novos números da desigualdade no Brasil com trecho canção do grupo As Meninas, de 1999, "Xibom Bombom". Segundo dados apresentados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) nesta sexta-feira (16), a desigualdade de renda cresce há 17 trimestres consecutivos no país. O aumento se entrelaça com a crise política instaurada no governo Dilma Rousseff e foi se ampliando com o passar do tempo. Segundo o estudo "Escalada da Desigualdade", do economista Marcelo Neri, diretor do FGV Social, desde o último trimestre de 2014, o Índice de Gini não para de crescer. Na ocasião, Gini, principal medidor da desigualdade social no mundo, atingiu a medição mais baixa da história (0,6003). Hoje, a taxa chega a 0,6291. Quanto mais alto o Gini, mais desigual é um país. O Facebook silenciou a Fórum. Censura? Clique aqui e nos ajude a lutar contra isso A FGV aponta que, de 2014 a 2019, a renda do trabalho da metade mais pobre da população caiu 17,1%, enquanto a renda dos 1% mais ricos subiu 10,11%. Já a classe média sentiu uma queda de 4,16% na renda no período. Os 10% e 5% mais ricos também foram beneficiados pelos anos de "crise", com ganhos de 2,55% e 4,36%, respectivamente. Este período de crescimento da desigualdade foi marcado pelo breve segundo mandato de Dilma Rousseff, iniciado em 2015 e interrompido no meio de 2016, quando o processo de impeachment levou Michel Temer à presidência, e pela eleição de Jair Bolsonaro, em outubro de 2018. Fazendo outros recortes sociais, a pesquisa mostra que os mais atingidos foram jovens com idade entre 20 e 24 anos (-17,16%), analfabetos (-15,16%), moradores das regiões Norte (-13,08%) e Nordeste (-7,55%) e pessoas negras (-8,35%). O estudo aponta o desemprego como o causador desta redução sem precedentes. "Em suma, o desemprego foi o principal responsável pela queda de poder de compra das famílias brasileiras", aponta a pesquisa. Segundo o IBGE, hoje são 12,8 milhões de desempregados no país. Ao comentar no Twitter sobre os dados, expostos no Jornal Hoje, da TV Globo, Priscila Rubim, pesquisadora da área de Química, resgatou a canção que diz que "o rico cada vez fica mais rico e o pobre cada vez fica mais pobre". https://twitter.com/pirjedi/status/1162402281964396544