O "escândalo" da importação de energia é de 0,12% do que o Brasil gasta

A imprensa, com estardalhaço, anuncia que o Brasil está importando energia da Argentina e Paraguai. Exatos 90 megawatt, anteontem (21). Eram 673 MW importados dos mesmos países no dia 21 de janeiro de 2002, ou 1,89% da carga de 35.647 MW consumida pelo país, proporcionalmente, 15 vezes mais

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A imprensa, com estardalhaço, anuncia que o Brasil está importando energia da Argentina e Paraguai. Exatos 90 megawatt, anteontem (21). Eram 673 MW importados dos mesmos países no dia 21 de janeiro de 2002, ou 1,89% da carga de 35.647 MW consumida pelo país, proporcionalmente, 15 vezes mais Por Fernando Brito, do Tijolaço energia A imprensa, com estardalhaço, anuncia que o Brasil está importando energia da Argentina e Paraguai. Está. Exatos 90 megawatt, anteontem. O equivalente a estrondosos 0,12% dos 73.780 MW consumidos ontem no país. Uma quantidade, como se vê, ridícula, embora, nesta seca, qualquer 10 mil réis sejam úteis. Irrelevante, sob qualquer aspecto. Mas o Brasil importava energia antes? Sim, e muito mais. Peguei, ao acaso, um dia de 2001, na crise energética tucana. Importamos 673 MW da Argentina e do Paraguai no mesmo dia 21 de janeiro de 2002. Ou 1,89% da carga de 35.647 MW consumida pelo país, proporcionalmente 15 vezes mais. (Sim, porque o consumo – e a produção – de energia mais que dobraram de Fernando Henrique para cá, embora a população tenha crescido pouco mais de 20%) Não me recordo de qualquer escândalo por isso. Até porque, de lá para cá, importamos ou exportamos energia ( e, aí, até 1.000 MW) conforme as disponibilidades  da região sul do Brasil e dos países vizinhos. Mas, agora, qualquer defeito local, a maioria das distribuidoras de energia, vai virar “prova” de que estamos na iminência de um baita apagão. O jornalismo, no Brasil, é a política.