O fim do racismo e da homofobia: duas causas e a mesma base legal

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  [caption id="" align="alignnone" width="800"] "Stop the Race Mixing March of the Anti-Christ".[/caption] A foto acima é impactante e foi tirada em Little Rock em 1959, em manifestações contra a igualdade para brancos e negros. Em um dos cartazes, a marcha por direitos iguais é chamada de "marcha do anti-cristo". Qualquer semelhança não é mera coincidência com os dias atuais. As lutas contra o racismo nos EUA e a favor do reconhecimento do direito à igualdade de casais homossexuais têm a mesma base. A histórica decisão proferida pela Suprema Corte norte-americana nesta semana irá repercutir no futuro da mesma forma que a suada conquista da Lei dos Direitos Civis de 1964. Os que se opõem a ela serão lembrados como os das fotos que ilustram este post: pessoas completamente cegas ao bom senso, à tolerância, aos direitos civis e universais do Homem. Na foto, protestos contra a união "mista" de negros com brancos. É importante dizer que há pouco mais de 60 anos, nos EUA, os negros eram tratados como uma "classe inferior". No decorrer desta luta, muitos personagens tiveram a coragem de protestar e erguer a cabeça, lutando contra algo absurdamente injusto. Uma dessas personagens é Rosa Parks. A costureira negra de 42 anos recusou-se a dar o seu lugar no ônibus para um homem branco, em 1955. Outro ícone da luta contra o racismo foi Dorothy Counts, uma menina de 15 anos que se tornou a primeira negra a entrar na escola Harding, em Charlotte, sul dos Estados Unidos. Ela foi xingada, cuspida, ameaçada e mesmo assim a sua dura caminhada até a entrada da escola é algo mítico. Naquele setembro de 1957, Dorothy caminhava não apenas por ela, mas também por todos os negros do país. A foto é emblemática e até hoje causa impacto. [caption id="" align="alignnone" width="700"] A caminhada de Dorothy Counts para a história[/caption] Outros personagens foram fundamentais como Martin Luther King Jr e Malcom X., para citar apenas mais dois, e todos os movimentos civis daquela época levaram à Lei dos Direitos Civis nos EUA, de julho de 1968. E hoje, Barack Obama, o primeiro presidente Presidente Negro da história norte-americana, já em seu segundo mandato, celebra a decisão que representa uma espécie de "alforria" aos casais gays. Estamos vendo a história acontecer diante de nossos olhos. Vale ressaltar que a decisão da Suprema Corte foi bastante apertada, por 5x4, ela foi gerada a partir de ação movida por Jim Obergerfell casado há 21 anos com John Arthur, em Ohio. Seu companheiro está doente (Esclerose Lateral Amiotrófica) e o seu desejo era de que o casamento fosse formalmente reconhecido na certidão de óbito de Arthur, quando ele morrer.Ele casaram em outro estado, mas a união não era reconhecida em Ohio E o que isso tem a ver com a luta dos gays, especialmente nos EUA e no Brasil? Tudo. Racismo e Homofobia têm o mesmo preconceito como base. Daqui a algumas décadas, os mesmos que hoje condenam as "aberrações", os "demoníacos" casamentos entre pessoas do mesmo sexo e a luta contra o preconceito e intolerância serão vistos como os da foto: intolerantes e movidos por uma ira absolutamente irracional. Em breve, os nossos netos verão essa conquista como algo normal, porque finalmente naquele início do século XXI, uniões homoafetivas foram legalizadas. E irão rir de quem achava que haveria mais gays e que a tal c0nquista levasse a uma "epidemia gay". É o que penso quando vejo os que protestam hoje, os que segregam casais do mesmo sexo ou "aceitam mas não quero ficar vendo na minha frente". Abram os olhos e o caminho. Os Direitos Civis pedem passagem.