O grito de socorro de Eliane Brum, por Ricardo Kotscho

"Os brancos vão descansar, e os coloridos levam tiro", disse Brum em troca de emails com Kotscho sobre a Amazônia

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
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Por Ricardo Kotscho, no Balaio do Kotscho Recebi agora e transcrevo abaixo o pedido de socorro enviada ao blog pela amiga Eliane Brum, repórter do jornal espanhol El País, baseada em Altamira, no Pará, no coração da Amazônia: “Kotscho, meu amigo tão querido (e valente)! Não sei mais, meu amigo, o que fazer para que as pessoas acordem para a ação. Acho que esses gritos intermitentes nas redes sociais servem para aplacar a angústia _ que não pode ser aplacada, porque temos mesmo que entrar em pânico _ e não movem nada. Aqui dormimos com uma morte _ ou melhor, não dormimos, às vezes a gente passa a noite com insônia pensando no que fazer _ e, aí, quando acordamos, já tem outra morte. Ou outra ameaça, ou outro recuo. Falo em “nós” porque somos poucos, mas há gente boa lutando aqui. Não suporto mais escutar pessoas avisando: “vão me matar”. E eu sei que vão mesmo. E não consigo fazer nada para impedir. Mas é isso. Seguimos. Estou com muito medo deste recesso de Natal, quando as poucas instituições que ainda funcionam parcialmente fecham as portas e também as ONGs entram em férias coletivas. Os brancos vão descansar, e os coloridos levam tiro. Desculpa o desabafo. Eu ando assim, furiosa. A fúria me impede de adoecer de Brasil.   Abraço forte, estamos juntos. Eliane” ** Depois de ler tanta angústia expressa em tão poucas linhas, que mais eu poderia dizer? Força, Eliane, aguenta firme aí porque o mundo precisa conhecer esse massacre de gente, bichos e matas que está acontecendo na Amazônia. Te cuida, mas não desanime. Abração, Ricardo Kotscho