O melhor discurso de Dilma

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Ontem a Presidente Dilma Roussef fez um de seus melhores pronunciamentos, durante o lançamento do Dialoga Brasil - uma ótima plataforma que utiliza a internet e encontros presenciais para linkar diretamente a população e o governo -  na Cidade de Fortaleza, ao qual compareci e gravei o vídeo mais abaixo. A Presidenta foi pontual ao citar a campanha de ódio que vem sofrendo com o compromisso que o governo possui, desde os mandatos do ex-Presidente Lula, com a tentativa de dar condições iguais aos que são diferentes. O mote de Dilma foi a poesia "Nordestino sim, nordestinados não!" de Patativa do Assaré, que acabara de receber de um dos participantes do evento. Dilma falou que o seu governo é duramente critivado em função das políticas sociais que emprega e em função até mesmo da votação que teve no Nordeste - como se ela não tivesse vencido também em outras Regiões como Rio de Janeiro e Minas Gerais - e agradeceu novamente os votos que recebeu no Nordeste e no Ceará. De improviso, Dilma também mencionou que o que difere o seu governo é justamente o foco nas diversas políticas sociais que garantem uma necessária discriminação positiva, ao frisar que o Brasil, tão rico nas suas diferenças, precisa garantir condições de igualdade para que todos tenham a mesma oportunidade. É justamente a pedra de toque do que se opõe à falácia neoliberal, quando uma suposta - e inexistente - "meritocracia", é tão somente uma ilusória condição para se manter o pérfido status quo que perdurava há século em nosso País. É o melhor, mais necessário e o importante discurso que deve ter o Governo durante essa época de inúmeras tentativas de desestabilização pelas quais vem passando.   A Presidenta colocou o dedo na ferida e não poderia fazê-lo em um local melhor do que no Ceará, terra de Patativa, o saudoso poeta cearense autor da poesia que segue e foi o ponto de partida do seu discurso. O texto é primoroso e até hoje o preconceito que o Nordeste sofre - até mesmo na escolha de um dirigente - ressalta que até hoje precisamos combatê-lo. Com vocês, Patativa: Nordestino sim, Nordestinado não
por: Patativa do Assaré

Nunca diga nordestino Que Deus lhe deu um destino Causador do padecer Nunca diga que é o pecado Que lhe deixa fracassado Sem condições de viver Não guarde no pensamento Que estamos no sofrimento É pagando o que devemos A Providência Divina Não nos deu a triste sina De sofrer o que sofremos Deus o autor da criação Nos dotou com a razão Bem livres de preconceitos Mas os ingratos da terra Com opressão e com guerra Negam os nossos direitos Não é Deus quem nos castiga Nem é a seca que obriga Sofrermos dura sentença Não somos nordestinados Nós somos injustiçados Tratados com indiferença Sofremos em nossa vida Uma batalha renhida Do irmão contra o irmão Nós somos injustiçados Nordestinos explorados Mas nordestinados não Há muita gente que chora Vagando de estrada afora Sem terra, sem lar, sem pão Crianças esfarrapadas Famintas, escaveiradas Morrendo de inanição Sofre o neto, o filho e o pai Para onde o pobre vai Sempre encontra o mesmo mal Esta miséria campeia Desde a cidade à aldeia Do Sertão à capital Aqueles pobres mendigos Vão à procura de abrigos Cheios de necessidade Nesta miséria tamanha Se acabam na terra estranha Sofrendo fome e saudade Mas não é o Pai Celeste Que faz sair do Nordeste Legiões de retirantes Os grandes martírios seus Não é permissão de Deus É culpa dos governantes Já sabemos muito bem De onde nasce e de onde vem A raiz do grande mal Vem da situação crítica Desigualdade política Econômica e social Somente a fraternidade Nos traz a felicidade Precisamos dar as mãos Para que vaidade e orgulho Guerra, questão e barulho Dos irmãos contra os irmãos Jesus Cristo, o Salvador Pregou a paz e o amor Na santa doutrina sua O direito do bangueiro É o direito do trapeiro Que apanha os trapos na rua Uma vez que o conformismo Faz crescer o egoísmo E a injustiça aumentar Em favor do bem comum É dever de cada um Pelos direitos lutar Por isso vamos lutar Nós vamos reivindicar O direito e a liberdade Procurando em cada irmão Justiça, paz e união Amor e fraternidade Somente o amor é capaz E dentro de um país faz Um só povo bem unido Um povo que gozará Porque assim já não há Opressor nem oprimido.