O pessimismo de Stuart Hall é um alerta importante para os rumos da esquerda na América Latina

O fato das nações do continente não terem esgotado todos os passos clássicos de uma “revolução capitalista” seduz parte da esquerda a querer ser ela a protagonista deste processo

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O fato das nações do continente não terem esgotado todos os passos clássicos de uma “revolução capitalista” seduz parte da esquerda a querer ser ela a protagonista deste processo

Por Dennis de Oliveira 

 Foto Angus Mills

Stuart Hall, pensador jamaicano radicado há 60 anos na Inglaterra, concedeu uma entrevista ao The Guardian às vésperas de comemorar o seu 80º aniversário.  Demonstrou que está mais pessimista do que tempos atrás quando escreveu os famosos textos que marcaram sua trajetória acadêmica (a maior parte deles publicados no Brasil na coletânea Da diáspora, Editora UFMG). Naquele momento, Hall enxergava na diversidade cultural e no interculturalismo possibilidades reais de transformação social. Fez uma releitura do pensamento marxista, a partir de Gramsci e Althusser, propondo que a relação entre a instância econômica e a cultural não fosse marcada por uma determinação linear (como uma apreensão mais ingênua do marxismo prega), mas sim de forma dialética.

“Eu me envolvi em estudos culturais, porque eu não acho que a vida foi determinada unicamente pela economia. A questão é que, em última instância, a economia vai determinar isso. Mas quando é a última instância? Se você estiver analisando a conjuntura atual, você não pode começar e terminar na economia. É necessário, mas insuficiente.“ Hall exemplifica com os protestos de Tottenham e também com a crise nos países europeus para falar sobre isto. O motivo dos protestos e a crise têm um fundo econômico, entretanto, a dificuldade de se construir alternativas políticas se deve ao fato de se pensar as possibilidades sempre no campo do economicismo. Para Hall, parte dos protestos de Tottenham se deve ao fato de que o imperativo neoliberal de consumir não é realizável por aqueles grupos sociais. Não é à toa que parcela dos manifestantes saquearam lojas em busca de objetos fetichizados pela sociedade de consumo.
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