Óleo de fritura vira combustível para barcos de pesca

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Vilão entre os poluentes das águas, um litro de óleo de cozinha descartado na natureza pode contaminar 1 milhão de litros de água. Por outro lado, pode também ser transformado em combustível. O biodiesel proveniente do reaproveitamento do óleo de cozinha utilizado na Baixada do Maciambu, por exemplo, pode abastecer a frota de barcos da região e melhorar a vida dos pescadores da praia da Pinheira, além de contribuir de forma decisiva para a melhoria das condições ambientais.

Com supervisão da professora Elisa Helena Siegel Moecke, da Unisul, o projeto já está sendo implantado no Centro de Triagem de Lixo Sólido da Pinheira, coordenado pela Pró-Crep e com recursos do CNPq. Neste momento, a Pró-Crep busca recursos para reformar parte do prédio para abrigar as instalações dos equipamentos que vão transformar óleo de cozinha em biodiesel. Até novembro, os pescadores devem começar a receber o produto. Gratuitamente.

“O diesel é o principal custo dos pescadores artesanais da região”, justifica Christiane Severo, mestre em Desenvolvimento Rural pela Ufrgs e uma das idealizadoras do projeto. Segundo ela, o objetivo é melhorar a renda dos pescadores artesanais e dar um destino ecologicamente correto para o óleo descartado. “As pessoas nem sempre sabem o que fazer com ele”, explica. “A educação ambiental deve ser contínua e a Pró-Crep se propõe a contribuir com ela durante todo este processo”, comenta Hélia Alice dos Santos, da Pró-Crep. "É importante a participação de toda a comunidade para que o projeto tenha sucesso".

Um dos envolvidos no projeto é Rafael Feller, estudante de Engenharia Ambiental da Unisul. Segundo ele, não será necessária nenhuma modificação nos motores dos barcos. “O diesel e o biodiesel podem se misturar em qualquer proporção”, diz. Mas o biodiesel tem inúmeras vantagens sobre o diesel tradicional, proveniente do petróleo: “A quantidade de enxofre lançada na atmosfera é 98% menor, assim como é muito menor a quantidade de fuligem e de gases causadores do efeito estufa jogados na natureza. Além disso, o biodiesel é biodegradável”.

"Todos os restaurantes que colaborarem com o trabalho vão receber um selo de identificação e os postos de coleta serão sinalizados com um banner para que as pessoas saibam onde depositar seus restos de óleo. Mas, atenção: o óleo não pode ser misturado com água. Também não é utilizado no processo nenhum tipo de gordura animal (banha ou manteiga) ou vegetal (margarina, gordura vegetal hidrogenada). E outra coisa: você não precisa coar o óleo antes de destiná-lo para a reciclagem. “Ele pode conter depósitos de farinha ou de restos de alimento porque na usina ele vai passar por dois processos de filtragem”, esclarece Rafael. Serão aceitos óleo de canola, de milho, de girassol, de soja.