Oliver Stone em Cannes: “Prisão de Lula foi projeto dos EUA”

Diretor de cinema norte-americano disse ainda que prisão de ex-presidente brasileiro “foi selvagem, uma história suja”. Declarações vêm dias após de Spike Lee chamar Bolsonaro de gângster

Foto: NY Times (Reprodução)
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O premiado cineasta norte-americano Oliver Stone disse nesta quinta-feira (15), numa entrevista na 74ª edição do Festival de Cannes, na França, que “a prisão de Lula foi um projeto dos EUA”.

A declaração sobre a situação política do Brasil é a segunda feita por um estrangeiro no prestigiado prêmio de cinema realizado na Côte D’Azur. No dia da abertura, seu compatriota Spike Lee já havia chamado o presidente Jair Bolsonaro de gângster.

Para o diretor, que já ganhou duas estatuetas do Oscar e duas vezes o Globo de Ouro, a detenção por 580 dias do ex-presidente brasileiro está dentro de um plano político de seu país que visa causar estremecimento nas nações do continente que elegem líderes progressistas.

“A prisão do ex-presidente Lula teve por trás o interesse do governo dos Estados Unidos em desestabilizar líderes latino-americanos de esquerda”, opinou.

Stone não poupou críticas à forma como foi conduzido o processo contra o petista e a maneira como o detiveram em 2018. “Pegaram o Lula na Lava Jato... Foi algo selvagem, uma história suja”, protestou indignado.

O diretor de Platoon vê uma tendência generalizada das nações ocidentais em criminalizar e hostilizar países que politicamente são conduzidos por líderes considerados inimigos dos EUA e voltou a citar o caso de Lula como exemplo dessa lógica.

“A mentalidade do Ocidente agora é completamente anti-Rússia, anti-China, anti-Irã, anti-Cuba, anti-Venezuela. Não se pode falar nada de bom sobre eles. Quem mais está nesta lista? O Brasil. No Brasil, Lula foi para a prisão, eles se livraram de Lula. Eles policiam o mundo”, complementou.

Novo filme sobre John Kennedy

Oliver Stone está em Cannes com seu novo filme, o documentário JFK Revisited, que contesta, com novas evidências, a versão oficial para o assassinato do presidente dos EUA John Kennedy, morto a tiros durante um desfile em carro aberto, no Texas, em 1963.

Utilizando documentos oficiais da Casa Branca, JFK Revisited refuta a tese do disparo certeiro, atribuído a Lee Harvey Oswald, que atingiu a cabeça de Kennedy, em Dallas. Para o cineasta, havia uma trama política e interesses muito grandes por trás do histórico episódio trágico.

“O meu filme mostra que foi um golpe de Estado. O presidente dos EUA foi removido ilegalmente de seu cargo e seu sucessor reverteu muitas decisões da política externa, incluindo a retirada das tropas do Vietnã”