ONG protesta com pedras na escadaria da Alerj

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A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) teve sua escadaria, na manhã desta segunda-feira, 11, tomada por 17 mil pedras brancas. Cada uma simbolizava uma morte, ocorrida no estado durante o período de dois anos e quatro meses. O grupo responsável pela ação é a ONG Rio de Paz, nascida em 2007 após uma série de ações violentas no fim do ano anterior.
O grupo chegou à meia-noite de ontem na frente da assembleia para preparar o protesto, com uma série de atividades programadas que duraram o dia inteiro.

A manifestação começou às 6h, com uma apresentação dos números da violência no estado, durante os últimos 28 meses, e uma projeção para 2009. A organização busca, além de chamar a atenção da opinião pública e das autoridades para a falta de segurança pública no estado, cobrar dos deputados um compromisso com a redução do número de homicídios e de desaparecidos. “Os números aqui são obscenos, que nós não encontramos em nenhuma nação desenvolvida”, afirma Antonio Carlos Costa, presidente da Rio de Paz.

Redução de mortes

Em 16 de dezembro do ano passado, a ONG enviou uma carta ao governador Sérgio Cabral (PMDB), solicitando a apresentação de um plano de redução de homicídio e um planejamento para seu cumprimento, mas não obteve resposta. Outra carta foi enviada, em março deste ano, também sem retorno do governador.

O ato desta segunda-feira, 11, pretende também colher assinaturas para um abaixo-assinado, que exige do governo do estado o atendimento a esta reivindicação. De acordo com Antonio, esta reivindicação não é isolada e diz respeito ao interesses de 16 milhões de seres humanos. “O que nós queremos é que o governo mostre sua política de segurança, que haja maior transparência, maior diálogo com a sociedade civil”, afirma o presidente da ong.

Antonio entende que falta transparência nas ações do governo do estado nas medidas efetivas para redução dos índices de homicídios e desaparecimentos. Segundo ele, o investimento na polícia militar é fundamental para o alcence desse objetivo, pois ela é a responsável pelo policiamento ostensivo na prevenção do crime.  Porém, o presidente da ong, reconhece que somente investimentos no policiamento não resolve a questão. “A conclusão que chegamos, conversando com os mais diferentes atores da segurança pública, é o de que se tratamento não for sistêmico, não há esperança”, afirma Antonio.

Ele também critica as operações policiais conhecidas como “enxuga-gelo”. “Nós não queremos ver policial morrendo. Mas também queremos um controle sobre a ação policial. Não podemos colocar uma arma na mão de um ser humano e permitir que ela, dotada de tamanho poder, trabalhe sem a supervisão sobre suas ações”, alega o presidente da organização.