ONU critica violência policial no Rio e pede investigações imparciais sobre Chacina do Jacarezinho

Operação policial no Rio que deixou ao menos 25 mortos foi destaque nos principais jornais do mundo, que falam em "massacre" e lembram que ação descumpre decisão do STF

Foto: Voz das Comunidades (Reprodução)
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O Alto Comissariado da Organização das Nações Unidas (ONU) para Direitos Humanos fez críticas à violência policial no Rio de Janeiro e pediu investigações imparciais sobre a chacina do Jacarezinho, que deixou ao menos 25 mortos nesta quinta-feira (6). A entidade diz que o caso confirma o uso excessivo da força por parte de policiais no Rio.

"Estamos profundamente perturbados pelos fatos", disse Ruppert Colville, porta-voz da ONU, segundo informações de Jamil Chade. Para Colville, o modelo de policiamento de favelas precisa ser repensado pelo país e um debate deve ser aberto.

Até o momento, são 25 mortes confirmadas em razão da “Operação Exceptis” da Polícia Civil do Rio de Janeiro na Favela do Jacarezinho, que contou com 200 policiais. O nome da maioria das vítimas não foi revelado, apenas se sabe que uma delas era um policial, André Vargas, de 45 anos. A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou a ação para cumprir 21 mandados de prisão. No entanto, o resultado apontou que desses, apenas seis foram presos e outros seis, mortos. Dessa maneira, a maioria dos mortos não era sequer alvo da PC.

Não é a primeira vez que a ONU denuncia a violência policial no Brasil. Em 2019, a alta comissária das Nações Unidas para Direitos Humanos, Michelle Bachelet, fez críticas semelhantes ao país, o que levou o presidente Jair Bolsonaro a atacar a ex-presidenta do Chile. Diversos informes da entidade alertaram para o descontrole das ações policiais no país.

Repercussão internacional

A chacina no Jacarezinho foi destaque nos principais jornais internacionais, como New York Times e Washington Post - ambos noticiaram a operação em suas primeiras páginas.

"Mesmo em uma cidade acostumada com a violência, a contagem de mortes foi chocante", escreveu o Post. No NYT, a reportagem destacou que ativistas de direitos humanos e a imprensa brasileira afirmam que a operação foi recordista de mortes na história da cidade.

Outro importante jornal que relatou a chacina no Rio foi o The Guardian, da Inglaterra. A reportagem, que ganhou destaque no portal do jornal por horas, cita as imagens feitas por moradores que mostram corpos nas vias da comunidade e lembra que a operação descumpre decisão do Supremo Tribunal Federal (STF).

Já o El País, da Espanha, classificou o ocorrido como "massacre" e também lembrou que a decisão do STF estabelecia que operações deveriam acontecer em "hipóteses absolutamente excepcionais".