A oposição venezuelana está aproveitando a doença para tentar formular uma espécie de golpe constitucional. A opinião é de Oswaldo Coggiola, professor de História Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP).
A situação vivida na Venezuela é de fragilidade, segundo ele. A Procuradora-Geral da Venezuela, Cilia Flores, garantiu que o artigo 231 da Constituição do país prevê o adiamento da posse do candidato eleito ou reeleito no caso de imprevistos, como definiu a doença de Hugo Chávez, ratificando assim a interpretação dos chavistas à Constituição. A oposição venezuelana, entretanto, critica essa interpretação e exige nova eleição presidencial caso Chávez não compareça à cerimônia de posse em Caracas no dia 10 de janeiro.
Para ele, a coalizão chavista é bastante frágil, enquanto a oposição aparece, neste momento político atual, mais coesa. “Porém essa coesão não deve enganar, porque ela se aplica somente em um tema: contra Chávez. São grupos que estão alinhados contra o presidente, mas fora isso são extremamente divergentes entre si”, disse à Rádio Brasil Atual.
Coggiola ressalta que se houver um impedimento definitivo de Chávez assumir e sejam convocadas novas eleições, a aposta da oposição é justamente a diluição da coalizão chavista.
Em relação aos conselhos comunais, que afirmaram que continuariam o processo de transformação social que o país vive mesmo sem o presidente, o professor lembra que estes são extremamente dependentes do apoio institucional, e por isso devem mudar sua forma de funcionamento e atuação, ainda que continuem existindo. “Todas as medidas implementadas por Chávez de cunho social, assim como os comitês populares, são extremamente dependentes do apoio institucional, do apoio do Estado. Sem o apoio do Estado é muito difícil que isso tudo continue nas condições atuais.”
O que ocorre na Venezuela com Chávez, segundo ele, é parecido com que o que ocorreu com o câncer do ex-presidente Lula. “Em ambas as situações as doenças desses líderes se transformam em fatores políticos de primeira magnitude, o que indica extrema fragilidade da situação política desses países.”
Ouça a entrevista de Owaldo Coggiola à repórter Marilu Cabanãs, da Rádio Brasil Atual: