Para Fernanda Montenegro, reação negativa ao beijo gay é uma "caça às bruxas"

Depois do beijo entre duas mulheres logo no primeiro capítulo de "Babilônia", a bancada evangélica da Câmara dos Deputados divulgou uma nota de repúdio propôs um boicote à novela da Globo; para a atriz, reação negativa de conservadores é "radicalização" do pensamento. "Não pertenço aos exércitos que estão se formando por aí. Não precisamos desses exércitos"

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Depois do beijo entre duas mulheres logo no primeiro capítulo de "Babilônia", a bancada evangélica da Câmara dos Deputados divulgou uma nota de repúdio propôs um boicote à novela da Globo; para a atriz, reação negativa de conservadores é "radicalização" do pensamento. "Não pertenço aos exércitos que estão se formando por aí. Não precisamos desses exércitos" Por Redação  Após Fernanda Montenegro e Nathalia Timberg protagonizarem um beijo gay no primeiro capítulo da novela "Babilônia", da TV Globo, inúmeras críticas à emissora e às duas atrizes de 85 anos começaram a surgir nas redes sociais e, também, na Câmara dos Deputados. A bancada evangélica da casa publicou, no dia seguinte da veiculação da cena (19), uma nota de repúdio ao beijo homoafetivo e propôs uma boicote à telenovela, sob o argumento de que a cena "impõe" valores que contrariam os "costumes, usos e tradições da sociedade brasileira".  Em entrevista concedida para a blogueira Patrícia Villalba, neste sábado (21), Fernanda Montenegro comentou a repercussão negativa gerada pela cena e a postura da bancada evangélica na Câmara dos Deputados. Para a atriz, reação dos parlamentares e de parte conservadora da sociedade denota uma "caça às bruxas". "Todos temos o direito de se posicionar. O problema é a radicalização desse pensar e no que ele pode se transformar. Não pertenço aos exércitos que estão se formando por aí. Não precisamos desses exércitos. É uma caça às bruxas o que estão propondo", afirmou. Na entrevista, a atriz disse ainda que não entende o tamanho da grita em relação a cena, uma vez que o beijo veiculado foi um "beijo casto", sem a erotização usualmente utilizada em novelas na relação entre casais heterossexuais. Para Montenegro, há problemas muito maiores, nesse momento, a se importar. "Percebo que temos problemas muito mais graves. O país está enfrentando uma crise bastante vívida e sentida, e tem gente disposta a se voltar contra o beijo de duas atrizes de quase cem anos de idade dado dentro de uma relação sacramentada pela vida afora", analisou. Antes da estreia da novela, Fernanda Montenegro já esperava por alguma reação diante de sua personagem e afirmou, à época, que "conservadores vão ter que nos aturar". Leia mais sobre o assunto: Babilônia: tem beijo gay, mas também vai ter homofobia O beijo lésbico, a telenovela e a força do produto cultural