Paraguaios exigem resposta sobre o Massacre de Curuguaty

Centenas se reuniram na praça do Panteón de Los Héroes em Assunção para exigir que o caso seja esclarecido

População paraguaia em frente ao Panteón de Los Héroes em manifestação por Curuguaty
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Centenas se reuniram na praça do Panteón de Los Héroes em Assunção para exigir que o caso seja esclarecido Reportagem e fotos por Mariana Serafini Manifestação organizada por movimentos sociais, partidos da esquerda e campesinos, na noite de terça-feira (15), reuniu centenas de pessoas na praça do Panteón de Los Héroes em Assunção, Paraguai, para exigir respostas do Estado sobre o que realmente aconteceu em Curuguaty. O massacre de 17 pessoas – onze campesinos e seis policiais – é um dos principais fatores que levaram o presidente eleito, Fernando Lugo, a ser deposto. Mesmo passados sete meses, a Justiça ainda não apresentou conclusões definitivas sobre o caso. [caption id="attachment_20876" align="alignright" width="300"] População paraguaia em frente ao Panteón de Los Héroes em manifestação por Curuguaty[/caption] “Que Pasó em Curuguaty?” é a pergunta que não cala em todo o Paraguai. Apesar de o promotor Jalid Rachil ter fechado oficialmente a investigação sobre o caso, pouco se sabe a respeito do que realmente aconteceu no confronto entre policiais e campesinos na região de Marina Kue. Na ocasião, foi exibido o documentário “Detrás de Curuguaty”, produzido de forma independente pela jornalista Daniela Candia. O material conta com uma série de denúncias extraoficiais que sequer foram analisadas pelo promotor. Candia entrevistou as famílias dos campesinos mortos, e também, campesinos que desde o massacre estão presos, mesmo sem provas concretas da participação deles na morte dos militares. Pessoas que presenciaram o confronto acreditam que havia franco-atiradores no local, afinal, os seis policiais morreram com tiros certeiros e atingidos por armas de alto calibre, enquanto os campesinos possuíam apenas escopetas. Além disso, pouco se fala a respeito da investigação da morte dos onze trabalhadores rurais. A Justiça colocou o foco da investigação no caso dos militares mortos. [caption id="attachment_20877" align="alignleft" width="300"] “Que Pasó em Curuguaty?”, a pergunta que não cala desde 15 de junho de 2012[/caption] Segundo entrevistados do documentário, além das onze mortes, outros campesinos foram torturados e mortos depois do confronto e essas informações não foram reconhecidas pela Justiça. Outro destaque do vídeo é a morte do camponês Vidal Vega que aconteceu dia 1º de dezembro, fato presenciado pela sua esposa e seus filhos, na casa dele em Yby Pyta 1, em Curuguaty. Vega era considerado um “arquivo vivo”, por ter presenciado cenas do confronto e ter informações importantes a respeito. O ato reuniu os quatro candidatos das eleições gerais de 2013 que representam a esquerda paraguaia. Aníbal Carrillo, da Frente Guasu; Eduardo “Coco” Arse, do Partido dos Trabalhadores; Lílian Soto, representante do movimento Kuña Pyrenda, e Mario Ferreiro da Frente Avanza País. Quando o massacre completou seis meses a população foi às ruas em uma grande passeata, cerca de 5 mil pessoas, e a pergunta era a mesma: “Que Pasó em Curuguaty”. Passado um mês e mais uma manifestação, o povo paraguaio exige a libertação dos doze prisioneiros e colaboração para manter as famílias das vítimas. Sem respostas, os movimentos sociais esperam contar com solidariedade internacional para a resolução do caso.