Parlamentares veem Guedes abandonar agenda liberal por reeleição de Bolsonaro

Segundo informações da TV Band, ministro disse a congressistas que vai priorizar recursos para Renda Brasil e obras

Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
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Em nome da reeleição de Jair Bolsonaro, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse  a líderes no Congresso que vai dar prioridade à tarefa de conseguir dinheiro para o Renda Brasil, que vai substituir o Bolsa Família, criado na gestão do ex-presidente Lula e que sempre foi criticada pelo capitão reformado quando ele era deputado federal. O programa é visto por Guedes como chave para conseguir votos para seu chefe em 2022 e por isso será sua prioridade, segundo informações da jornalista Clarissa Oliveira, da TV Band.

Além disso, em reunião realizada na última quarta-feira (12) para discutir o teto de gastos públicos, Guedes teria dito que vai conseguir R$ 5 bilhões para obras, a serem destinados aos ministérios da Infraestrutura e do Desenvolvimento Regional.

Essas falas foram interpretadas pelos parlamentares como um sinal de que Guedes desistiu de cumprir agenda econômica liberal prometida na campanha. A leitura é que a reforma tributária ainda pode vingar, mas as privatizações e a reforma administrativa têm grandes chances de “subir no telhado”.

As falas de Guedes ocorreram nos bastidores em meio à saída, na terça-feira (11), de seus assessores nomeados exatamente para privatizações e reforma administrativa: Salim Mattar e Paulo Uebel pediram demissão em um movimento qualificado pelo próprio ministro como “debandada”. Para seus lugares, foram nomeados na quinta-feira (13) dois técnicos que já integravam o governo, em vez de nomes vindos do mercado.

O atual secretário de Desenvolvimento de Infraestrutura do Ministério da Economia, Diego Mac Cord, assumirá a Secretaria de Desestatização, no lugar de Mattar. Já Caio Andrade, que preside o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), vai para a Secretaria Especial de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, substituindo Uebel.

Fura ou não fura o teto de gastos?

Depois de dizer em sua live semanal que pretende extrapolar o teto de gastos públicos, o presidente Jair Bolsonaro publicou nesta sexta-feira (14) texto em suas redes sociais negando que seja essa sua intenção.

O capitão reformado escreveu que, na transmissão, quando indagado sobre “furar” o teto, começou dizendo que Guedes mandava “99,9% no Orçamento” e que tudo o que falou depois disso dava conta de que, “por mais justa que fosse a busca de recursos por parte de ministros finalistas, a responsabilidade fiscal e o respeito Emenda Constitucional do ‘Teto’” seriam o norte do governo.

Durante a live, a fala de Bolsonaro foi: “A ideia de furar teto existe, o pessoal debate. Qual é o problema?”, alegando que a intenção é arranjar recursos para obras no Nordeste.

*Com informações da TV Band