"Meu pastor é negro e sou próxima de pessoas LGBTQIA+", alega pastora que fez pregação racista e LGBTfóbica

A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu investigação contra a pastora para averiguar a existência de crime por injúria racial e homofóbica; se condenada, a religiosa pode pegar de 3 a 5 anos de prisão

Foto: reprodução redes sociais
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Após ter a sua pregação viralizada nas redes por ter falado contra o movimento negro e LGBTQIA+, a pastora Karla Cordeiro, da Arena Jovem (Nova Friburgo/RJ), que reúne a juventude da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra, emitiu pedido de desculpas e usou o clássico "até tenho amigos que são".

"Eu sou a Karla Cordeiro e venho, através desta nota, pedir desculpas pelos termos que usei em minha palestra proferida no último sábado (29)", iniciou Cordeiro em sua nota de retratação.

Em seguida, ela afirmou que foi infeliz em sua fala. "Eu, na verdade, fui infeliz nas palavras escolhidas e quero afirmar que não possuo nenhum tipo de preconceito contra pessoas de outras raças, inclusive meu próprio pastor é negro, e nem contra pessoas com orientações sexuais diferentes da minha, pois, sou próxima de várias pessoas que fazem do parte do movimento LGBTQIA+."

Durante a sua fala, a pastora afirmou que os membros da igreja não devem "levantar a bandeiras dos pretos e do movimento LGBTQ sei lá quantos significados têm isso aí".

“É um absurdo pessoas cristãs levantando bandeiras políticas, bandeiras de pessoas pretas, bandeiras de LGBTQIA+, sei lá quantos símbolos têm isso aí. É uma vergonha, desculpa falar, mas chega de mentiras, eu não vou viver mais de mentiras. É uma vergonha. A nossa bandeira é Jeová em si. É Jesus Cristo. Ele é a nossa bandeira. Para de querer ficar postando coisa de gente preta, de gay, para! Posta palavra de Deus que transforma vidas. Vira crente, se transforma, se converta!”, declarou a pastora da Comunidade Evangélica Sara Nossa Terra.

"A minha intenção era de afirmar a necessidade de focarmos em Jesus Cristo e reproduzimos seus ensinamentos, amando os necessitados e os carentes, principalmente as pessoas que estão sofrendo tanto na pandemia", justificou Karla Cordeiro.

Por fim, ele assumiu que foi "descuidada" em sua pregação. "Fui descuidada na forma como falei e estou aqui pedindo desculpas. Ressalto também que as palavras que utilizei não expressam as opiniões do meu pastor, nem da minha igreja."

Investigação criminal por racismo e LGBTfobia

A Polícia Civil do Rio de Janeiro abriu um inquérito para investigar a pregação de Karla Cordeiro onde ela ataca aqueles que se envolvem com as causas do movimento negro e LGBTQIA+.

O delegado titular da 151ª DP (Nova Friburgo), Henrique Pessoa, após tomar conhecimento da pregação de Cordeiro, afirmou que se trata de um "teor claramente racista e homofóbico, o que configura transgressão típica na forma do artigo 20 da Lei 716/89".

O delegado lembrou que, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que incorporou o crime de LGBTfobia à lei do Racismo, "a pena é de três a cinco anos com circunstâncias qualificadoras por ter sido feita em mídias sociais e através da imprensa. De tal modo que já foi instaurado inquérito policial pelo crime de intolerância racial e homofóbica, de acordo com a recente previsão do STF".