Pataxós vão reverenciar amanhã índio Galdino, morto em Brasília em 1997

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Os índios Pataxó Hã-Hã-Hãe farão amanhã, 24,  na Praça do Compromisso, na Asa Sul, em Brasília, um ato religioso em memória de Galdino Jesus dos Santos e de “outros parentes” que lutaram pelo uso exclusivo da Terra Indígena Caramuru-Paraguaçu, na Bahia. Em abril de 1997, quando estava na capital federal para discutir com o Ministério Público Federal uma ação sobre a terra, Galdino foi queimado vivo por jovens de classe média alta.

Cerca de 200 Pataxós estão na capital do país para acompanhar, também amanhã, no Supremo Tribunal Federal (STF), julgamento sobre a validade dos títulos de posse de fazendeiros que ocupam a maior parte da área demarcada como indígena. Eles vieram de ônibus da cidade baiana Pau Brasil.

Segundo os indígenas, nas últimas três décadas ocorreram assassinatos, seqüestros, invasões e ameaças constantes às famílias que insistem em garantir o direito às terras.

Sobrinho de Galdino, o jovem Iglésio Thyrry Pataxó, 20 anos, espera que os ministros do STF considerem o histórico da região ao decidirem sobre os títulos de posse.

“O lugar é nosso. Demos nosso sangue e até meu tio foi queimado aqui. Ninguém sabe a dor que passamos”, protestou Iglésio, durante ato público realizado hoje (23) pelos índios na Câmara dos Deputados.

“Não queremos a terra por dinheiro. Queremos pela nossa cultura, pelas árvores e rios”, acrescentou.

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