Pazuello muda depoimento e contradiz o próprio governo sobre colapso no Amazonas

Ministro da Saúde disse que ficou sabendo sobre falta de oxigênio apenas em 10 de janeiro e não no dia 8, como informou a AGU

Foto: Agência Brasil
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Por Mário Adolfo Filho

Ouvido pela Polícia Federal (PF) em depoimento prestado no último dia 4 de fevereiro, o ministro da Saúde Eduardo Pazuello, mais uma vez, mudou a versão do que já havia dito e afirmou que não soube no dia 8 de janeiro sobre o colapso que aconteceria no fornecimento de oxigênio no Estado do Amazonas. As informações foram tornadas públicas pelo Estadão.

O depoimento aconteceu no hotel de trânsito de oficiais do Exército, em Brasília, no âmbito do inquérito sigiloso do Supremo Tribunal Federal (STF) que apura o caso.

Pazuello afirmou que não foi informado sobre a falta de oxigênio em Manaus no dia 8 de janeiro, mas sim dois dias depois. O detalhe é que a informação contradiz um documento oficial entregue pela Advocacia-Geral da União (AGU) ao STF, assinado pelo advogado-geral José Levi, que assinala que o Ministério da Saúde tomou conhecimento da escassez deste insumo em Manaus, no dia 8, por meio da empresa White Martins, fabricante do produto.

Entretanto, a fala do ministro da Saúde contradiz o discurso proferido numa entrevista à imprensa em 18 de janeiro, quando Pazuello afirmou ter tomado ciência pela própria White Martins, no dia 8, sobre o problema. No sigiloso depoimento do ministro, ele reconhece que recebeu o pedido do governo do Amazonas para envio de 150 cilindros no dia 8. Dois dias depois, o governador do Amazonas, Wilson Lima, alertou sobre as questões envolvendo o abastecimento de oxigênio, que começava a afetar as unidades de saúde amazonenses.

Apenas a partir daquele momento, o general passou a centralizar ações para entrega de insumos ao Estado. Entretanto, o Amazonas teve os piores dias da crise de oxigênio entre 14 e 20 de janeiro, com mortes por asfixia.

Investigações – A PF também analisa dados sobre a compra de medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da Covid-19 e vai checar e-mails trocados entre representantes do Ministério da Saúde e as secretarias do Amazonas e de Manaus.

A conclusão das investigações caberá a Augusto Aras, procurador-Geral da República. Ele decidirá se denuncia ou não o ministro da Saúde.