PEC dos Precatórios: Orçamento Secreto destinou emendas a PSD, PP, PDT, PSB, Podemos, MDB e PSDB

Dinheiro público usado por Bolsonaro para compra de votos foi destinado ao centrão e até a partidos progressistas, como PDT e PSB, que registraram traição. Maior fatia ficou para PSD de Rodrigo Pacheco, que vai comandar a votação da PEC no Senado.

Jair Bolsonaro, Rodrigo Pacheco e Arthur Lira (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados)
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O governo Jair Bolsonaro (Sem partido) empenhou R$ 845 milhões em emendas do Orçamento Secreto às vésperas da votação da PEC dos Precatórios, aprovada em segundo turno na última terça-feira (9).

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O destino dos recursos foram prefeituras de partidos aliados e até mesmo de legendas progressistas que racharam e deram votos decisivos para aprovação da medida que, por meio de um calote na dívida pública, garante um recurso extra teto para Bolsonaro usar em medidas eleitoreiras - como o Auxílio Brasil - no ano eleitoral de 2022.

Segundo apuração publicada pelo jornalista André Spigariol, do site The Brazilian Report, no Twitter, "prefeituras controladas por partidos do Centrão ficaram com a maior parte da grana, mas não foram as únicas que faturaram alto".

https://twitter.com/andrespigariol/status/1459133626784825372

Administrações municipais ligados ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, do PSD, foram as que mais faturaram, com a destinação de 145,5 milhões somente entre os dias 28 e 29 de outubro.

O Senado é onde será travada a próxima batalha do governo para aprovar a PEC - Saiba qual ser o destino do projeto na casa.

Emendas para Arthur Lira e Ciro Nogueira

Segundo o levantamento, o PP foi o segundo partido com mais recursos destinados: R$ 135 milhões.

Prefeituras em redutos do presidente da Câmara, Arthur Lira, em Alagoas, e do ministro da Casa Civil e presidente da legenda, Ciro Nogueira, no Piauí, teriam recebido boa parte do montante.

Dias antes da filiação de Sérgio Moro, o Podemos também foi contemplado com R$ 36,9 milhões. A maioria dos recursos teve como destino, segundo jornalista, um prefeito aliado da presidente do partido, a deputada federal Renata Abreu (SP).

PSDB, que orientou voto a favor, mas ficou com a bancada dividida (11 dos 32 deputados votaram contra) também recebeu dinheiro do esquema comandado por Bolsonaro: R$ 53 milhões.

O investimento mais eficaz do governo, no entanto, foi no MDB, que recebeu R$ 110 milhões em emendas. O partido orientou votação contra, mas 13 dos 33 deputados da sigla votaram a favor da proposta.

Partidos progressistas com traidores receberam recursos

PDT e PSB, que juntos deram 14 votos a favor da PEC dos Precatórios na votação em 2º turno, também tiveram prefeituras contempladas com as emendas do orçamento secreto.

Prefeituras do PDT, partido do presidenciável Ciro Gomes, tiveram emendas no valor de R$ 30,8 milhões. No PSB, o total de recursos foi de R$ 29,1 milhões.

PT, PCdoB e PSOL não são citados no levantamento feito pelo jornalista. No total, 1.035 aguardam os recursos, que podem não chegar por causa da suspensão do orçamento secreto pelo Supremo Tribunal Federal (STF).