Quase um mês depois, pedido de extradição de Allan dos Santos chega aos EUA

Processo saiu de um departamento do Ministério da Justiça dois dias antes de a decisão de Moraes ser divulgada, em outubro. Delegada responsável pela extradição foi demitida

Allan dos Santos - Foto: Reprodução/Twitter
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O pedido de extradição do bolsonarista Allan dos Santos chegou ao governo norte-americano quase um mês depois da ordem de prisão expedida pelo ministro Alexandre de Moraes. Agora, cabe aos Estados Unidos decidir o que fazer com o blogueiro, que segue de forma ilegal no país.

Segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, o processo saiu de um departamento do Ministério da Justiça a caminho dos EUA dois dias antes de a decisão de Moraes ser divulgada, em outubro. Porém, só chegou ao país na semana passada.

Uma das explicações para a demora pode ter sido a escalação de Vicente Santini pelo presidente Jair Bolsonaro para tentar retardar o processo de extradição de Allan. Ele chegou a pedir a documentação à delegada da Polícia Federal Silvia Amélia Fonseca de Oliveira para emitir um parecer contrário.

Mas, teria sido informado que o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, já havia enviado o pedido de extradição a autoridades dos EUA.

Por esse motivo, a delegada teria sido demitida da diretoria do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça, que cuida de extradições, transferências e da repatriação de ativos.

Delegada que pediu extradição de Allan dos Santos foi exonerada

Silvia Amélia foi a responsável pelo pedido de extradição de Allan dos Santos determinado por Alexandre de Moraes (leia a íntegra).

O blogueiro é acusado de ser um dos principais comandantes da milícia virtual que propaga discurso de ódio e dissemina fake news pró-Bolsonaro nas redes. Próximo ao presidente, Santos chegou a pedir para Bolsonaro aplicar um golpe, fechando o STF.

Em sua decisão, Alexandre de Moraes justifica o pedido de prisão de Allan dos Santos, pois, “o citado cidadão, a pretexto de autar como jornalista em um canal divulgado nas redes sociais, reiteradamente produz e difunde conteúdos […] focados nos mesmos objetivos: atacar integrantes de instituições públicas, desacreditar o processo eleitoral brasileiro, reforçar o discurso de polarização, gerar animosidade dentro da própria sociedade brasileira, promovendo o descrédito dos poderes da república, além de outros crimes”.

No dia 10 de novembro, a delegada responsável pela extradição foi exonerada pelo ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, presidente do PP e principal figura do centrão no Planalto.

Silvia Amélia, que é delegada da Polícia Federal, tem mestrado em relações internacionais e é especializada em cooperação internacional e trabalhou como auditora estrangeira na Escola Nacional Superior de Polícia da França. Na PF, coordenou a área de cooperação internacional e foi diretora-executiva substituta.

Santini é amigo de infância de Eduardo e Flávio Bolsonaro

Exonerado em janeiro de 2020 por Bolsonaro após ter usado um voo da Força Aérea Brasileira para voltar de uma viagem à Índia, Santini é filho do ex-general do Exército Nelson Santini Júnior, morto em 2015, amigo de Bolsonaro desde os anos 70, quando se conheceram na escola de artilharia do Exército.

Santini voltou ao governo como secretário-geral da Presidência cerca de um ano após ser demitido por pressão de Eduardo. Durante o período, ele chegou a ser nomeado assessor de Ricardo Salles no Ministério do Meio Ambiente.