Pedro Sánchez defende monarquia espanhola e se nega a revelar paradeiro de Juan Carlos

Rei emérito fugiu do país para evadir processo que investiga uma conta bancária secreta na Suíça, pela qual estaria financiando suas amantes. Crise coloca monarquia em xeque pela primeira vez desde o fim do franquismo

Pedro Sánchez (foto: YouTube)
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Em entrevista para meios locais nesta terça-feira (4), o presidente do governo espanhol, Pedro Sánchez, preferiu não revelar o paradeiro do rei emérito Juan Carlos I, que fugiu do país neste fim de semana, com destino desconhecido.

O mandatário espanhol, membro do PSOE (Partido Socialista Operário da Espanha), também evitou as perguntas sobre se o seu governo colaborou com a fuga do ex-monarca, cujo reinado durou entre novembro de 1975 e junho de 2014, quando entregou a coroa ao seu filho, o atual rei Felipe VI.

Juan Carlos fugiu da Espanha devido a um processo que responde na Justiça a respeito de uma conta bancária secreta que possuía em um banco da Suíça, financiada com recursos provenientes da Arábia Saudita, ligadas a um esquema de propinas nas obras de uma ferrovia contruída por empresas espanholas, entre as cidades de Meca e Medina.

A investigação também trabalha com a hipótese de que a conta era usada não só para lavagem de dinheiro do esquema de corrupção, como também para financiar as amantes do rei emérito – ao menos duas mulheres que se envolveram com Juan Carlos nos últimos 10 anos.

O atual cenário configura a maior crise da monarquia espanhola desde o fim da ditadura do general Federico Franco, que venceu os republicanos na Guerra Civil Espanhola (1936-1939) e depois se manteve no poder por três décadas, até entregá-lo justamente ao rei Juan Carlos I, em 1975.

A crise também é alimentada pelo crescimento dos movimentos independentistas em duas grandes regiões do norte do país: o País Basco e sobretudo a Catalunha, onde os movimentos nacionalistas insistem em realizar referendos separatistas, e têm até alguns dos seus líderes mantidos como presos políticos.

Os dois movimentos independentistas têm viés republicano, ou seja, desejam criar a República do País Basco e a República da Catalunha, respectivamente, e não novos reinos separados da Espanha.