A pesquisadora Lubia Vinhas afirmou que não sabe o motivo de sua demissão da coordenação-geral de Observação da Terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) nesta segunda-feira (13).
"Entendo que a minha exoneração da Coordenação está relacionada diretamente ao processo de reestruturação do INPE que vem sendo proposto pela atual direção, e não a uma ação em resposta direta a números relacionados ao monitoramento", disse, em entrevista à Globonews.
A exoneração de Vinhas foi publicada no “Diário Oficial da União” desta segunda-feira (13) e foi assinada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes.
A Observação da Terra trata, entre outras atividades, do Programa de Monitoramento da Amazônia, por meio do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter). Na semana passada, o Inpe divulgou que junho teve o maior número de alertas de desmatamento para o mês em toda a série histórica, iniciada em 2015.
De acordo com a pesquisadora, ela não era responsável diretamente pelo Monitoramento da Amazônia, mas o programa era um dos que estavam ligados à coordenação-geral .
"As atividades de monitoramento da Amazônia não são responsabilidade de uma única pessoa, e são executadas dentro de um Programa, o Programa de Monitoramento da Amazonia e demais Biomas, que é ligado na estrutura do INPE a CGOBT, mas que tem um coordenador próprio, o Claudio Almeida", explicou Vinhas.
O Inpe informou em nota que "desde o início das conversas sobre a reestruturação, já estava prevista a relocação da Dra. Lubia Vinhas do cargo de Coordenadora-Geral da CGOBT para o cargo de Chefe da Divisão de Projeto Estratégico, que tratará implementação da nova Base de Informações Georreferenciadas ("BIG") do INPE, uma demanda do Ministro Pontes. Esta, por sinal, é a área primária de formação e expertise da Dra. Lubia Vinhas".
Governo atua contra o combate ao desmatamento
Em agosto do ano passado, o governo Bolsonaro exonerou o então diretor do Inpe, Ricardo Galvão. Ele tinha mandato até o final de 2020, mas passou a ser criticado publicamente pelo próprio presidente Jair Bolsonaro também por apresentar dados de aumento na devastação da Amazônia.
Pesquisadores renomado, Galvão contou à época que o Ministério do Meio Ambiente se negava a receber suas informações sobre o desmatamento. O monitoramento do Inpe é essencial para que o Ibama reforce a fiscalização e desempenhe ações de combate ao desflorestamento, algo que a pasta comandada por Ricardo Salles tem se esforçado para não fazer.